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Jovens usam menos preservativos no Brasil, afirma IBGE

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Uso de preservativos caiu 12,5% em dez anos
Foto: Freepik

Uso de preservativos caiu 12,5% em dez anos


A porcentagem de adolescentes que utilizam camisinha caiu no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSSE) revelam que, entre 2009 e 2019, o uso de preservativos caiu de 72,5% para 59%.

Além da camisinha, a porcentagem de jovens que se previnem da gravidez em geral durante o sexo também caiu. Em 2012, 79,6% afirmavam se proteger, e, em 2019, apenas 69,9% alegavam utilizar algum método para evitar a gravidez.

A diminuição do uso de preservativos causa grande preocupação para a classe médica: nos últimos anos, o Brasil registrou um aumento de registros de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). Entre 2010 e 2020, a porcentagem de casos de sífilis, que é uma infecção bacteriana transmitida por contato sexual, aumentou 1,654%. 

O crescimento das infecções sexualmente transmissíveis na população jovem preocupa especialistas, já que a prevenção das doenças é considerada relativamente simples.

‘’A camisinha é o método mais acessível e eficaz para se prevenir de infecções sexualmente transmissíveis (IST), como a sífilis, a gonorreia e hepatites virais’’, afirma a ativista Adriana Bertini, artista e participante do Instituto Cultural Barong, organização que promove a educação e a saúde sexual no Brasil.

''Hoje temos uma cartela de prevenção combinada, e a camisinha só é mais uma das metodologias de prevenção'', afirma Adriana
Foto: Unsplash

”Hoje temos uma cartela de prevenção combinada, e a camisinha só é mais uma das metodologias de prevenção”, afirma Adriana

‘’Há várias razões pelas quais as pessoas resistem ao uso de preservativos, como questões religiosas, educação sexual deficiente e porque não gostam da sensação. Rupturas ou deslizes de preservativos são relativamente incomuns, mas acontecem [..] e isso também pode afetar a confiança das pessoas que usam os itens’’, declara.

Para a profissional, é necessário que existam mais campanhas de conscientização do uso de preservativos. “Não temos educação sexual eficiente nas escolas. As familias têm resistência em falar de sexo devido ao tabu, medo, preconceito e criminalização da sexualidade, como se o sexo não fosse algo natural’’.

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Foto: Pexels

Pressão, vergonha e desinformação são fatores que afastam jovens de preservativos

De acordo com o sexólogo Mahmoud Baydoun, a pressão social também é um fator na diminuição do uso de preservativos. “Muitas vezes, os jovens acabam fazendo sexo só pela pressão que sofrem em uma rodinha de amigos, por exemplo. Por ainda serem virgens, eles iniciam a vida sexual sem conhecimento nenhum’’.

‘’A educação sexual é indispensável para jovens que estão iniciando sua vida sexual para que eles tenham ciência do risco que estão tendo com a sua saúde ao fazer sexo sem preservativo’’, declara.

O especialista também rebate a ideia de que o uso de camisinha diminui o prazer na hora do sexo. Segundo Mahmoud, o mercado oferece diversas opções de preservativos que podem atender diferentes demandas: ‘’Existem camisinhas texturizadas, de vários tamanhos, extra finas que até aumentam o prazer na hora da relação. Não tem desculpa pra não usar’’.

Caso real

Por mais que as infecções sexualmente transmissíveis tenham cura ou tratamento, elas ainda impactam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. 

‘’Eu não soube o que fazer quando descobri’’, declara FS*, estudante de Moda que foi diagnosticada com HIV em 2020. A jovem de 21 anos, que preferiu não se identificar, escondeu a doença dos pais durante seis meses enquanto morava sozinha em São Paulo.

''Eu achei que tinha acabado com minha vida'', declara FS*
Foto: Pexels

”Eu achei que tinha acabado com minha vida”, declara FS*

Depois de ingressar na universidade em 2018, FS* afirma que negligenciou sua saúde e não imaginava que iria contrair qualquer doença: ‘’Passei no vestibular e saí do interior para a capital, e aí, comecei a extravasar’’.

‘’Eu pude sair, beber, me drogar e curtir de um jeito que, dentro de casa, eu nunca tive a oportunidade. Por isso, quando eu comecei a me relacionar sexualmente, me deixei levar e não me cuidei. E essa foi a fórmula para o erro’’.

Em junho de 2020, a jovem notou que estava ficando doente. Por estar longe de casa e isolada por conta da pandemia, ela suspeitou que tinha contraído o Coronavírus. ‘’Era 2020 e eu estava sozinha, longe dos meus pais, mas ainda em São Paulo, pegando metrô e tudo mais. Por isso, supus que estava com Covid-19’’.

Depois de fazer dois testes, FS* recebeu a notícia que não tinha contraído a doença. No entanto, semanas se passaram, e as dores e sintomas não foram embora. ‘’Foi quando minha amiga mandou eu fazer outros testes, já que poderia ser uma infecção sexual ou algo parecido’’.

Um mês depois, a estudante criou coragem e foi até o postinho do seu bairro. Depois de esperar alguns dias, o resultado chegou: FS* tinha contraído HIV.

‘’Foi horrível. Na hora, vieram todas aquelas imagens horríveis em minha mente. Toda aquela propaganda negativa de que era uma doença totalmente mortal’’.

Depois de receber o resultado, FS* começou o tratamento. ‘’Foi bem melhor do que eu esperava. Tomo três comprimidos, me cuido, me alimento bem. Claro que a descoberta foi um choque, mas o cuidado é tranquilo’’.

''Hoje, vejo que as pessoas ainda têm enorme tabu com o HIV'', diz jovem
Foto: Freepik

”Hoje, vejo que as pessoas ainda têm enorme tabu com o HIV”, diz jovem

Agora, por conta dos remédios e do tratamento, a jovem conseguiu controlar a doença. ‘’Sou indetectável agora. Consigo viver minha vida normalmente. Tenho um namorado e ele aceita isso super bem’’.

‘’A resposta nunca deve ser sobre castidade ou sobre proibição. E sim sobre cuidado. Sexo é humano e totalmente natural, mas ele precisa ser feito com segurança’’, finaliza.

Fonte: IG Mulher

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