“Para respirar”: pais contam como foi voltar a viajar com filhos e dão dicas
Para muitas famílias, já são meses e meses em casa, em isolamento social, longe de escola e dos avós, por exemplo. Com a reabertura de diversos setores da economia e retomada do turismo, algumas decidiram que era hora de voltar a viajar.
Depois de procurar hotéis que se sentiam seguras e analisar protocolos de segurança, era a hora de arrumar as malas, separar as máscaras e colocar o pé na estrada.
Respiro para uns, comemoração para outros
Para a estilista Marina Brei, de 37 anos e mãe de três (Bárbara, de 19; Theodoro, de 10 e Amelie, de 5), viajar era uma questão de bem-estar para ela e o marido e, principalmente, para os filhos. “Seguimos a quarentena à risca por quatro meses, todos reclusos, sem nem contato com o restante da família. Mas as crianças começaram a apresentar todos os sintomas de ansiedade”.
Ela conta que, enquanto a mais velha queria tempo e sossego para estudar, o do meio precisava de ajuda total com os estudos. Já a caçula sofria porque queria mais atenção do que os pais conseguiam dar naquele momento. “A Amelie estava conversando sozinha. Ela também parava na porta e falava com quem passasse pela rua”, diz Marina. Segundo a mãe, a pequena ainda passou a apresentar problemas com a alimentação durante o isolamento social.
Era a hora de tentar algo novo e aí veio a decisão de viajar. Em setembro a família decidiu passar uns dias em hotel em Atibaia. Bárbara, a filha mais velha, ficou em casa e a família partiu para uns dias de “respiro”, como define Marina. “Demoramos para ter vontade e coragem de viajar, sabemos que a pandemia não acabou, mas uma hora tínhamos que voltar a viver, mesmo aos poucos”, completa. “No final foi muito bom para a cabeça das crianças, para dar uma respirada”.
Já para a analista de importação Gabriela Falcão, de 33 anos, mãe de Arthur, de 3 anos, e Gael, de 10 meses, retomar as viagens foi uma forma de comemoração. Ela e sua família também voltaram a viajar em setembro. “Nós decidimos viajar para comemorar o aniversário do Arthur e do Rafael, meu marido. Já que não poderíamos ter uma festa com todos que gostaríamos, achamos por bem que esse seria um presente do Arthur”.
Cuidados antes da viagem: data da viagem, escolha do hotel e mais
Marina e Gabriela optaram por viajar durante a semana. “Preferi durante a semana porque a Mel ainda é pequena e pensei que, nesses dias, seria mais fácil ficar mais perto e tomar conta”, explica Marina.
Confiar no hotel escolhido também foi um ponto destacado pelas mães. “É essencial saber se eles estão seguindo TODOS os protocolos de segurança”, comenta Gabriela.
Higiene vem em primeiro lugar é uma das maiores preocupações dos hoteis nessa retomada. Quartos são limpos com muito mais atenção e algumas redes, como a do Tauá Atibaia, utilizam o ozônio como um complemento do processo de higienização e desinfecção dos apartamentos.
“Optamos por trabalhar com o ozônio por ser um sistema que elimina totalmente os micro-organismos patogênicos. Com isto podemos garantir a desinfecção de itens que dificilmente conseguiríamos com a limpeza mecânica”, explica Felipe de Castro, diretor operacional do Tauá Atibaia.
A substância também é utilizada pelo Casa Grande Hotel, no Guarujá, no litoral de São Paulo. As piscinas do local são tratadas com ozônio e cloro, por exemplo.
Para saber mais informações sobre o hotel, Lourival de Pieri, diretor geral do Casa Grande Hotel, indica verificar as credenciais do local. “Para uma boa escolha, é importante navegar pelo site do estabelecimento e checar as ações e protocolos adotados, como a adoção do selo de turismo responsável do ministério do turismo chancelado pela ANVISA, que estabelece esses protocolos em todo o turismo”, ressalta o profissional.
“Outra forma de obter informações é por meio dos comentários nas redes sociais dos hotéis. A avaliação dos hóspedes é um bom termômetro. Sites de viagens, como o Trip Advisor, que fornecem informações e opiniões de conteúdos relacionados ao turismo também são ótimas fontes de consulta”, completa.
Para as mães, saber as atividades disponíveis também era um ponto importante. Gabriela se hospedou no Hotel Fazenda Mazzaropi, em Taubaté, e fez todas as atividades ao lado do filho de três anos. Marina, que depois da viagem para Atibaia passou uns dias no Casa Grande em outubro, também ficou sempre por perto. Ela afirma que essa proximidade com os filhos o tempo todo a deixou tranquila, afinal, se a máscara saia do lugar ou a criança pegasse o brinquedo do amiguinho e tentasse levar à boca, ela estava ali por perto para agir, junto com os monitores.
Uma das medidas de segurança tomada pelos hotéis no momento é controlar o número de crianças em cada área ou atividade de recreação, como explica o diretor do Tauá Atibaia. “Temos diversas atividades abertas, porém as atividades indoor, como boliche, jogos eletrônicos ou piscina térmica, têm que ser agendadas e têm limite de capacidade”.
Outro fator determinante para as mãe foi escolher hoteis que contassem com bastante área verde e espaços abertos e arejados. Os profissionais também destacam a procura e até incentivam as atividades em áreas abertas. “Estamos focando em atividades ao ar livre, onde garantimos um distanciamento e atividades mais seguras”, fala Felipe. “No Casa Grande, a brinquedoteca e as brincadeiras são ao ar livre, seguindo todos os protocolos necessários”, comenta Lourival.
Cuidados na viagem: uso de máscaras e kit higiene
Marina fala que estava apreensiva antes da primeira viagem, aquela para Atibaia em setembro. Ela cita um agravante. Theodoro é asmático e isso sempre a fez ter um certo receio de lugares cheios. As duas viagens só ocorreram depois da liberação do médico do garoto. A mãe, vendo os hoteis seguindo protocolos de segurança e distanciamento social, diz ter ficado até mais relaxada.
“Os protocolos existem, mas são discretos, não assustam ou mexem com o clima da viagem. As pessoas estão respeitando os espaços umas das outras também. Eu me senti bem segura”. Ela diz que nas áreas comuns, como a piscina, cada família estava sem seu canto. Até as crianças estavam afastadas, elas brincavam com quem estava ali do lado delas, mas não iam muito para perto das outras famílias. Foi, como ela descreve, cada um no seu quadrado.
A questão das máscaras também preocupava. “Fiquei muito tensa. Theodoro e Amelie não gostam de usar, mas, para a minha surpresa, acho que estavam tão felizes que eles mesmos pegavam e colocavam as máscaras antes de sair do quarto”, fala a mãe.
Marina conta que levou um estoque de máscaras para que as crianças sempre tivessem uma limpa à mão. Gabriela diz que colocou duas máscaras por dia para cada um da família e ficou tranquila, já que o hotel também disponibilizava o acessório caso fosse necessário.
A mãe de Theodoro e Amelie ainda montou um kit de higiene para levar para as duas viagens. Além das máscaras, ela foi munida de álcool gel – com direito a frascos pequenos que ficavam com as crianças o tempo todo -, sacos para guardar as máscaras e roupas usadas e desinfetante.
Segundo ela, os filhos nem estranharam tudo isso porque estão acostumados a tirar sapatos antes de entrar em casa, lavar ou higienizar sempre as mãos e todo os cuidados diante da pandemia.
Entretanto, tem uma dica para uma próxima viagem . Separar roupas com mais bolsos para os filhos, para facilitar que eles levem seus frasquinhos de álcool e as máscaras reservas embaladas. Ela também pensa em apostar em máscaras descartáveis, pela praticidade.
Vai viajar? Converse com seus filhos
Para quem está pensando em aproveitar um feriado ou mesmo alguns dias na semana longe de casa, as mães destacam a importância de conversar com os filhos. “Falamos com as crianças que elas poderiam conversar com as outras, mas teriam de respeitar o distanciamento, manter cada uma no seu ‘quadrado'”, fala Marina.
“Conversamos muito e eles estão acostumados a isso já. Além disso, eu estava sempre por perto. Por isso a decisão de viajar e não voltar para a escola, por exemplo. Eles estão ao meu lado, estou ali caso a máscara caia. Prefiro estar sempre ao lado, orientando e acompanhando tudo. Assim eu me senti segura”, continua.
Gabriela ainda lembra que os pais precisam ter em mente que crianças pequenas se distraem fácil e estão há muito tempo sem socializar. Com isso, podem se esquecer de alguma orientação ou cuidado e nem perceber que estão invadindo o espaço do outro. Nesses casos, mais uma vez a conversa entre pais e filhos é essencial.