Em qualquer visita ao supermercado, não é difícil encontrar alimentos feitos de plantas nas prateleiras. Carnes de casca de banana, almôndegas feitas de soja e até ovos feitos de linhaça são a alternativa para quem deseja ter alimentos vegetais integrais na dieta.
Conhecida internacionalmente por ‘Whole Food Plant-Based Diet’ (WFPB), a dieta à base de plantas representa um padrão que realça a ingestão de alimentos integrais e minimamente processados em todas as refeições.
A dieta inclui frutas, verduras, legumes, castanhas, sementes, óleos vegetais, leguminosas, ervas, condimentos e tubérculos, e também evita carnes vermelhas, aves, peixes, ovos e laticínios.
Nos últimos anos, esse método de alimentação vêm se tornando cada vez mais popular. Dados da pesquisa realizada pela ONG Mercy For Animals (MFA) revelam que 8 em cada 10 brasileiros experimentaram produtos plant-based no primeiro semestre de 2021.
Benefícios
Segundo a nutricionista Carolina Pimentel, a dieta à base de vegetais é rica em benefícios para o corpo humano. ‘’As evidências científicas estão apontando com cada vez mais robustez que as dietas plant based oferecem maiores benefícios à saúde de uma maneira geral, mas principalmente no controle das doenças crônicas não transmissíveis (DNCT’s)’’.
Entre essas doenças, estão a hipertensão, a diabetes, a obesidade e o câncer. De acordo com dados do Ministério da Saúde, as DNCT’s foram responsáveis por 54,7% dos óbitos registrados no Brasil em 2019.
Portanto, a alimentação plant based pode ser favorável para quem sofre com algum problema de saúde. De acordo com Pimentel, a dieta regula o nível de colesterol e açúcar no sangue, além de estabilizar a pressão arterial e melhorar o controle de peso.
‘’Uma vez que as pessoas têm esse padrão de dieta, elas também têm melhores controles metabólicos. Isso aumenta a longevidade e a prevenção de doenças como a hipertensão e alguns tipos de câncer’’, declara.
Em sua obra ’Nutrição e Alimentação Vegetariana – Tendência e Estilo de Vida’, coorganizada ao lado da Professora Sonia Tucunduva Philippi e da Doutora em Ciência de Alimentos Marcia Cristina Teixeira Martins, Carolina detalha, com base em pesquisas científicas, como a nutrição vegetariana impacta o contexto das doenças crônico-degenerativas e da longevidade.
Além dos benefícios para a saúde, a alimentação com base em plantas também tem grande impacto ambiental no planeta. A indústria pecuária, responsável pela produção de carnes, leites e ovos, é responsável por 15% das emissões de carbono em todo o mundo.
Com a redução do consumo desses produtos, a pegada de carbono, que é a quantidade de gases de efeito estufa produzidos por cada indivíduo, também diminui.
Barreiras
Carolina acredita que a desinformação a respeito da alimentação plant based faz muitas pessoas deixarem de consumir esses produtos com maior frequência. ‘’A maior barreira é que as pessoas geralmente acreditam que uma alimentação sem carne ou com pouca carne é insuficiente’’.
A falta de habilidades culinárias também atrapalha o consumo, já que, segundo a nutricionista, a carne ainda é a protagonista do prato brasileiro. ‘’As pessoas não conseguem se imaginar cozinhando, por exemplo, leguminosas, como grão de bico, lentilha, ervilha ou até mesmo feijão. Elas também acham que essa alimentação pode não ser saborosa, né?’’.
Como a transformação de uma dieta onívora para a dieta com base em plantas é massiva, a nutricionista recomenda sempre a busca por um profissional para mais informações.
”Todo indivíduo que decide [entrar na dieta e deixar de comer alimentos de origem animal] deve ser orientado a buscar alternativas de vitamina B12. Isso acontece com qualquer dieta. O indivíduo que é mais carnívoro, por exemplo, tem deficiência de fibras de vitamina C’’, afirma.
Dieta
Pimentel detalha que todas as refeições com base em vegetais devem conter, obrigatoriamente, porções fixas de frutas, verduras e legumes. ‘’Podemos considerar um prato saudável como meio prato de hortaliças, um quarto de cereais e o outro quarto de proteína de origem vegetal’’.
Na hora de decidir o que comer, optar por uma fonte de proteína pouco processada ou integral não é mais um desafio. A estudante de jornalismo, Mariana Fabiano, acredita que as opções no supermercado estão cada vez mais diversas: ‘’O mercado de alimentos plant based vem crescendo bastante e hoje temos várias opções de pratos que são tradicionalmente feitos com carne, sem nenhum produto animal, o que é interessante’’.
No mercado, as opções são múltiplas: a cada ano, diversas marcas adentram o mercado de alimentos com base em plantas. Em 2020, por exemplo, a empresa Seara estreou a ‘Incrível Seara’, linha específica para carnes feitas com proteína vegetal.
‘’Parar de consumir carne é muito complicado quando crescemos em uma população que está acostumada a ingerir produtos de origem animal diariamente, em todas as refeições. As opções podem parecer, a princípio, que são poucas, mas hoje enxergo que não são’’, finaliza a estudante.
Fonte: IG Mulher