Prótese de aréola pode ser alternativa para mulheres que tiveram câncer de mama
Quando o assunto é saúde da mulher , o câncer de mama é um assunto que sempre merece nossa atenção Trata-se do segundo tipo de câncer mais comum no mundo e o que mais atinge pessoas do sexo femino: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), foram registrados mais de 2 milhões de casos de câncer de mama em 2018 e 627 mil mortes.
Além das taxas de letalidade, o câncer de mama afeta a autoestima de muitas mulheres. Isso porque o tratamento pode causar mudanças intensas na aparência. Os efeitos mais comuns são a queda de cabelos ocasionada pela quimioterapia e a retirada parcial ou total das mamas, resultado do tratamento cirúrgico da doença.
De acordo com pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a mastectomia acontece em 70% dos casos no País e é opção para pessoas que descobrem o câncer em estágio avançado. Como alternativa, as mulheres podem recorrer ao procedimento de reconstituição da mama.
Desde 2013, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza a cirurgia logo após a retirada das glândulas, processo garantido pela lei nº12.802. Mesmo assim, algumas dispensam a reconstituição e preferem passar por procedimentos como a micropigmentação de aréola — uma espécie de tatuagem que reconstrói as aréolas e o mamilo .
A empresária Natalia Martins encontrou uma nova maneira mais prática de reerguer a autoestima de mulheres que passaram por esse processo: ela criou próteses de aréola que possuem texturas da pele. A prótese pode ser colada diretamente no corpo, sem dor ou efeitos colaterais.
A ideia da criação, de acordo com Martins, foi levar uma solução às mulheres que passaram por uma mastectomia mas que ainda não podem fazer o procedimento de micropigmentação, seja por falta de indicação médica, motivos de recuperação ou até por medo de sentir dor. “Seja qual for o motivo, a prótese de aréola é uma alternativa para devolver para essas mulheres a autoestima perdida devido ao câncer”, explica.
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Contudo, a motivação principal da empreendedora é auxiliar mulheres que se sentem impactadas psicologicamente depois da realização da mastectomia. “Já ouvi relatos de muitas mulheres que superaram o câncer de mama , passaram pela mastectomia, mas ainda sentem falta de um ponto final na história toda. A sensação de vazio que elas sentem depois de perder uma ou ambas as aréolas após a mastectomia é difícil de descrever”, diz.
Nesse sentido, a aplicação das aréolas pode ajudar da recuperação emocional dessas mulheres. “Ajuda a deixar para trás a memória da doença e do sofrimento e, desta forma, seguir em frente. É como se elas se reconhecessem novamente saudáveis em frente ao espelho”, afirma.
Como a prótese de aréola funciona?
Martins afirma que a prótese é feita de pele sintética, que imita de maneira muito realista a cor, espessura, textura e tamanho da pele. Ela pode ser produzida em diversos formatos. Sem necessidade de procedimentos invasivos, a prótese pode ser colocada com uma cola especial, capaz de fixá-la no corpo por 40 dias.
“A prótese oferece total liberdade para a mulher ir à praia, à piscina, tomar banho, se molhar e ter uma vida normal, inclusive sexual”, explica Martins. Passados os 40 dias, basta aplicá-la novamente a cola no corpo, sem necessidade de substituição da prótese. “Além disso, quando for necessário, a prótese pode ser retirada sempre que a mulher quiser”, continua.
Doações
“Quando recebi as amostras do artista que produz as próteses, até chorei de tão emocionada que fiquei pela perfeição”, diz. Tamanha foi a comoção da empresária que decidiu ampliar sua clínica, localizada no bairro de Pinheiros, na capital paulista, para que toda produção fosse feita lá dentro.
Além disso, todas as próteses de aréola produzidas serão doadas para sobreviventes do câncer de mama. “Com base no preço fora do País, cada prótese pode custar em média R$500. Minha intenção é produzir e doar cerca de 100 mil próteses só este ano”, explica.
Dessa forma, o grupo se tornou o primeiro a produzir próteses com o intuito de doação, e não de comercialização. O envolvimento de Martins com mulheres que venceram o câncer de mama já existia devido a um projeto social do Grupo NB, que já oferecia de forma gratuita procedimentos de reconstrução de aréola, além de reparação de lábio leporino. “Nos últimos 5 anos, reconstruímos as aréolas de mais de 2 mil mulheres”, afirma.
Perguntada sobre se passou por uma experiência pessoal com o câncer de mama que a fez praticar as doações e os procedimentos gratuitos, ela nega. No entanto, Martins explica que simpatiza com essas mulheres porque ela mesma já passou por momentos de medo e angústia, o que a faz entender sensações sentidas por elas. “Sei que essa luta acontece diariamente com milhares de pessoas pelo mundo. Ter uma mão amiga faz muita diferença na vida de quem precisa”.