PT recebe pedido de expulsão de Patrícia Lélis por comentário transfóbico

O Partido dos Trabalhadores (PT) anuncia que vai tomar as medidas estatutárias cabíveis com a jornalista Patrícia Lélis, como forma de demonstrar que o partido não compactua com o discurso de transfobia feito pela filiada nas redes sociais. A nota de repúdio faz referência a vídeos publicados por Patrícia, onde ela relata que uma mulher trans mostrou o pênis no banheiro feminino de um SPA.
“Em LA [Los Angeles] uma mulher trans que estava no WI SPA, ao utilizar o banheiro feminino tirou suas calças e mostrou seu pênis a outras mulheres e adolescentes que também estavam no banheiro”, postou Patrícia. “Para explicar ainda mais: A mulher trans foi ao banheiro feminino, fez suas necessidades no box privativo, saiu da parte privada do banheiro e, no local do lavatório, tirou as calças e mostrou o pênis a outras três mulheres que estavam no banheiro.”
Os comentários repercutiram nas redes sociais e a comunidade LGBTQIAP+ se manifestou que o problema do post é o uso de termos preconceituosos em um caso isolado
Quando foi descoberto que a suposta história na verdade se tratava de um homem e não uma mulher trans a própria Patrícia admitiu: pic.twitter.com/FrFTU4aIpl
— @transfobiapl (@transfobiapl) July 8, 2021
Este perfil é apenas um dos que estão denunciando as falas de Patrícia.
Ao invés de se responsabilizar pelo erro de ter atribuído a uma mulher trans o crime cometido por um homem, ela alegou estar sendo atacada: pic.twitter.com/mlNFZ74cwn
— @transfobiapl (@transfobiapl) July 8, 2021
Após a publicação da nota de repúdio, Patrícia Lélis usou sua conta no Twitter para falar sobre os acontecimentos. Ela alega que foi atacada de forma machista e misógina por relatar uma situação onde um homem se passou por uma mulher trans nos Estados Unidos. Em seguida, relata que todos os ataques que recebeu foram de mulheres trans e que os homens trans estão sendo silenciados cada dia mais como as mulheres lésbicas, e que ela seguirá questionando esta situação apesar dos ataques.
Por fim, Patrícia fala que não vê o mesmo acontecer com o PSOL e o vereador Paulo Eduardo Gomes, que perguntou para a vereadora Veronica Lima “se ela quer ser homem e tratada como um” por ser lésbica. Leia abaixo a manifestação de Patrícia na íntegra.
O que me choca nisso é o fato de não poder questionar. De não poder falar sobre, muitos dizem que esse foi um “caso isolado”, mas se não questionarmos não será apenas um caso isolado.
— Patrícia Lélis 🇧🇷 (@lelispatricia) July 8, 2021
Enquanto recebi ataques absurdos de mulheres trans, não recebi de homens trans, muito pelo contrário, os homens trans também estão sendo silenciados cada dia mais, assim como as mulheres lésbicas. E eu vou seguir questionando esse silenciamento. Independente dos ataques.
— Patrícia Lélis 🇧🇷 (@lelispatricia) July 8, 2021
Você viu?
E para fechar, não estou vendo a mesma galera do barulho identitário cobrando do PSOL e do vereador Paulo Eduardo Gomes uma posição após perguntar a vereadora Veronica Lima “se ela quer ser homem e tratada como um”, por ser lésbica. A mulher é sempre o alvo.
— Patrícia Lélis 🇧🇷 (@lelispatricia) July 8, 2021
Sobre a nota de repúdio publicada pelo PT, Patrícia comenta que levou duas situações de machismo ao diretório do partido e que nenhuma delas teve solução nem manifestação.
Mês passado um homem filiado ao PT fez um post com ameaça e apologia ao feminicídio. Levei isso ao diretório das mulheres, o posicionamento: Vamos resolver. A realidade: Nada aconteceu nem uma notinha de repúdio, de absolutamente ninguém. A vida das mulheres nunca importa! pic.twitter.com/qCU3UL2P2k
— Patrícia Lélis 🇧🇷 (@lelispatricia) July 8, 2021
Mas sabe como é, né?! Um pedido de desculpas que foi apagado logo(deu nem tempo de tirar print) após é o suficiente para dizer a uma mulher que “já tá bom demais, ele já se arrependeu” pic.twitter.com/gqg9fL5lOh
— Patrícia Lélis 🇧🇷 (@lelispatricia) July 8, 2021
Ao menos três vereadoras trans filiadas ao PT entraram com uma representação contra Patrícia, a fim de que a mesma seja expulsa do partido. Caso o processo seja instaurado, haverá uma averiguação e se for procedente, será encaminhado para a comissão de ética do PT, que fará uma análise para a emissão de um posicionamento final.
A nota de repúdio assinada por Gleisi Hoffmann, Janaína Oliveira, Bel Sá e Anne Moura deixa evidente que “transfobia não é opinião, é crime”.