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Suicídio juvenil nem sempre está ligado a transtornos mentais

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Mudanças de comportamento devem ser observadas
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Mudanças de comportamento devem ser observadas

Nem nos piores pesadelos, os pais imaginam passar por um drama como o suicídio de um filho. Mas essa é uma das três maiores causas de morte entre jovens no mundo. De acordo com pesquisa recente da OMS (Organização Mundial de Saúde), uma a cada cinco pessoas entre 15 e 19 anos luta contra algum tipo de transtorno mental, que pode vir a fomentar indícios suicidas. No entanto, a médica psiquiatra da Clínica Revitalis, dra. Beatriz Fonseca, alerta que casos suicidas não estão necessariamente relacionados a algum tipo de psicopatologia.

“É importante esclarecer que o suicídio juvenil não é sintoma de uma doença, o jovem pode estar com uma fragilidade, o que não diminiu a importância da questão. A tentativa de suícidio é um grito de socorro, nem sempre está ligada a um transtorno mental, não necessariamente. Não existe uma causa única”, explica a dra. Beatriz.

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“A grande maioria dos pacientes portadores de depressão grave não comete suicídio, mas o contrário. A maior parte de pacientes suicidas não são portadores de transtornos mentais”, explica ela. “Em geral, o comportamento suicida está ligado a uma fragilidade pessoal”, diz.

Os transtornos mentais são uma dessas situações, mas se não tem laço familiar, está isolado, são fatores desencadeantes. Há etapas para o suicídio, como a intenção suicída, o planejamento e partir para o ato. O número de pessoas que apresentam ideação suicida é bem maior do que aquele que realmente perdem a vida nesse cenário, o que não significa, evidentemente, que o assunto seja menos preocupante ou mereça menos atenção dos responsáveis.


“A adolescência no século 21, segundo a dra. Beatriz, tem sido mais perdida. São pais que delegam a educação, que não impõem limites, que não exercitam a frustração, gerando jovens que não sabem ouvir não.” 

Os pais precisam ficar atentos às mudanças de comportamento. Elas vão ocorrer, mas há sinais de alerta. Quem são os amigos? Como estão as notas? A partir de que momento começou a dar ruim? “Aquele menino cordato, queridinho, passa a usar manga comprida num baita calorão, vale a pena olhar. Todos adolescentes se cortam? Não. Mas muitos estão gritando por socorro”, esclarece a médica.  

Muitas vezes, o que o jovem tem não é vontade de morrer, mas vontade de sanar uma angústia, enfrentar uma frustração. Beatriz trabalha com internação de adolescentes e diz que esse recurso vem sendo usados cada vez mais. “O tempo estimado é de 30 dias, depende não só gravidade. A internação é indicada pelo médico, então é preciso localizar o que não estava funcionando lá fora. Muitos saem com indicação de terapia familiar, aquisição de regras, orientação para escolas.”  

 A doutora esclarece que o comportamento suicida é um fenômeno complexo e multifatorial, e não há um consenso quanto a sua classificação ou causas. “O que se tem estudado são os fatores que deixam um jovem propenso a esse comportamento”, diz a especialista da Revitalis.

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De acordo com a médica psiquatra, existem fatores de risco – como tensões da vida; tentativas anteriores; acesso a meios letais; transtornos de personalidade; abuso infantil; entre outros- e fatores de proteção – como estar empregado; ter criança em casa; ter capacidade de solucionar problemas; ter laços sociais estabelecidos, entre outros.

 Quais são as possíveis causas?

 Segundo a dra. Beatriz, não há causa específica para o comportamento suicida. “O que há é um conjunto de elementos que torna o indivíduo mais propenso a pensar no suicídio como a solução de seus problemas. São jovens com pouca capacidade de encontrar uma solução viável para seus obstáculos, e apresentam falha em utilizar estratégias de enfrentamento aos estressores que se apresentam”, explica.

Essas estratégias são construídas aos poucos, desde a primeira infância, quando “problemas” são gradativamente apresentados. Dessa forma, a criança vai aprendendo a solucionar suas questões sob a supervisão dos cuidadores. “Quando o jovem cresce com falhas nesse “aprendizado”, a ajuda pode vir através de pessoas de confiança (familiares, professores) ou profissionais de assistência (assistentes sociais, médicos, psicólogos)”, pontua a dra. Beatriz.

 Há indícios que podem ser considerados sinais de alerta de que aquele jovem está precisando de atenção ou cuidado diferenciado: mudanças bruscas de comportamento, isolamento, agressividade ou atitudes opositoras desproporcionais, autolesão, exposição a perigos desnecessários, etc. “A melhor forma de lidar com essas pessoas é por meio do acolhimento: escutando, tentando entender, e dialogar com sinceridade e sem preconceitos. A procura de profissional de saúde é fundamental, mas não exclui o acolhimento e o cuidado familiar”, recomenda a médica.

Fonte: IG Mulher

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