Cachorro comendo rápido demais: adestrador ensina o que pode ser feito
Muitos tutores estão acostumados a ver os animais de estimação, principalmente os cachorros, comerem de forma quase desesperada, como se o alimento estivesse em risco e pudesse ser “roubado” a qualquer momento.
Isso pode acontecer por uma série de fatores, como ansiedade ou, principalmente, quando se tem mais de um animal em casa, o pet pode se sentir ameaçado e, com isso, comer o mais rápido possível.
Ao comer tão depressa e em grande quantidade, o estômago do cão não tem tempo o suficiente para liberar enzimas que são responsáveis pela digestão, o que causa vômitos, arrotos e até gases. Além disso, pode gerar grandes problemas para a saúde do pet, desde engasgos até a torção gástrica, que podem levar o animal à morte e, a qualquer sinal de problema, como o pet apático, com a barriga inchada e andando curvado é importante que o tutor procure ajuda de um médico veterinário com urgência.
Para ajudar aos tutores a controlar possíveis impulsos do cão em comer rápido demais e evitar situações que prejudiquem a saúde do animal, o Canal do Pet conversou com o adestrador comportamental André Almeida, que dá sugestões importantes para que os cachorros se alimentem com mais tranquilidade.
André indica que o tutor utilize o alimento do cão de uma forma que o animal dê maior valor ao alimento, de acordo com a quantidade e forma como as refeições são servidas ao pet, conhecido como “sistema de alimentação”.
Quando o cachorro se mostra ansioso pela comida, não dando sequer tempo para que o tutor coloque a tigela de alimento no chão, isso pode ser causado por questões como: alimentação errada; quantidade errada; reforço de comportamento.
Como o adestrador explica, o problema pode ser causado pelo próprio tutor, que “educou” o pet a comer da forma errada, mas isso pode ser ajustado de forma relativamente simples. Para isso o tutor deve impor algumas regras para a hora de alimentar o pet, controlando a forma como o alimento será disponibilizado.
Treine o cão com a própria ração
Ao treinar o cachorro para se adequar a uma alimentação mais regrada, André explica que o mais correto é que seja usada a própria ração como forma de recompensa e não as famosas guloseimas, pois isso pode fazer com que o pet perca o interesse no alimento que ele come no dia a dia.
Outro ponto importante é que, caso o animal se recuse a obedecer, não seja dado o alimento de graça, ou o cão entenderá que ele não precisa fazer nada para ter a comida, já que sempre a terá disponível quando quiser. Assim, quando o tutor quiser o tutor precisar do cão, o alimento deixa de ter valor como recompensa.
O que fazer
O tutor pode pegar pequenas porções de alimento com as próprias mãos e ir oferecendo ao cão, chame e, conforme ele se aproxima, dê uma pequena quantidade e se afaste, repetindo o processo a cada nova porção.
O tutor também pode jogar aos poucos e pedir que o cachorro busque e, quando ele voltar, recompense com mais uma pequena porção. Repetindo também o processo a cada nova porção. Essa é uma forma de criar uma atividade para que se crie um interesse do pet para o alimento.
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A brincadeira pode ser feita também durante uma caminhada, repetindo até acabar o alimento da tigela. Essa é uma forma de fazer com que ele coma mais lentamente.
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Comedouros e brinquedos
No mercado pet é possível encontrar diversas opções dos conhecidos comedouros especiais e brinquedos que soltam o alimento aos poucos, conforme o animal brinca. São facilmente encontrados em petshop e são uma boa alternativa para tutores que não dispõem de tanto tempo para dar o alimento com as próprias mãos.
Outra boa opção, porém, com um custo mais elevado, são os comedouros ou alimentadores automáticos com “timers”, que liberam porções de ração de tempos em tempos. Isso ajuda também a regrar o horário certo de cada refeição do pet, mesmo quando o tutor não estiver em casa, o que pode fazer valer o investimento – o preço médio de um alimentador pode varias de R$ 160 a R$ 2,5 mil, sendo que os mais caros podem ser controlados à distância por smartphone.
Não é preciso gastar tanto
Enriquecimento ambiental também faz a diferença para uma alimentação adequada, usando itens comuns da casa, o tutor pode fazer comedouros que ajudarão muito a adequar a alimentação do pet, fazendo com que ele coma mais gradualmente.
Os cães, geralmente, comem de forma apressada por terem o alimento no pote de ração o tempo todo e, por alguma razão (como ter outros cachorros na casa) o pet sente que precisa comer depressa.
É indicado que, na hora das refeições, o tutor separe os animais e forneça um ambiente tranquilo para que o pet coma sem se sentir ameaçado e fique menos ansioso, ou mesmo servir a refeição para um animal de cada vez, sem que o outro fique por perto.
Outra dica interessante é que o tutor coloque um objeto, pode ser uma bolinha, ou algum outro brinquedo do pet, no interior do pote de ração para que o cachorro tenha um obstáculo para chegar até a ração e, com isso, coma mais lentamente, também é recomendado que se reparta em duas porções, servindo a segundo quando o animal terminar de comer a primeira (duas porções correspondentes a uma refeição, o indicado é que o animal tenha, ao menos, duas refeições por dia).
“Normalmente o cão entra nessa agitação pela comida quando ele come algo fora do que está acostumado, ou quando nós reforçamos esse comportamento. Quando o tutor, na hora de servir a refeição do pet mostra muita empolgação e deixa o cão agitado e, nessa agitação, ele acaba comendo muito rápido e pode ter problemas, como engasgos”, ressalta o adestrador, que alerta para que os tutores tenham cuidado com a forma como eles agem em relação ao cão, pois muito da forma como os animais de estimação se comportam é reflexo do comportamento dos próprios tutores e é preciso ter isso em mente ao tentar corrigir o comportamento dos animais.
Como o profissional explica, o que faz a diferença na alimentação do animal é a quantidade de alimento que ele recebe ao longo do dia, que deve corresponder à quantidade de nutrientes que cada pet precisa, e não a forma como o alimento é oferecido. Cabe ao tutor escolher qual será a alternativa mais adequada para ele e, principalmente, para o animal de estimação.