Acusado de atropelar e matar mãe e filha no Dia das Mães é condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em Piracicaba
A Justiça de Piracicaba (SP) condenou a nove anos e seis meses de prisão o acusado de matar uma mulher de 45 anos e sua filha de 1 ano atropeladas ao invadir a calçada com o carro que dirigia, em 9 de maio de 2021, Dia das Mães, em uma avenida da cidade. Teste de bafômetro realizado à época apontou que o motorista tinha consumido bebida alcoólica. Ele está preso desde o acidente e cabe recurso contra a decisão.
O caso ocorreu por volta das 15h30, na Avenida Roma, bairro Santa Terezinha. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), uma testemunha relatou que Milton Sérgio Grossi estava “testando” o veículo na avenida e, em determinado momento, perdeu o controle, subindo na calçada e atingindo a mulher que passava com a criança no colo.
A mãe, Valquíria Cordeiro dos Santos, morreu no local. A criança chegou a ser socorrida e levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Sônia, mas não resistiu. Tainara Cordeiro dos Santos tinha 1 ano de idade.
De acordo com a acusação do Ministério Público, da maneira como agiu, o réu impossibilitou a defesa das vítimas, pois o veículo subiu na calçada e as atingiu, sem lhes oferecer qualquer possibilidade de reação.
Grossi foi submetido ao Tribunal do Júri, que decidiu que ele praticou homicídio com dolo indireto, que é quando a pessoa não tem intenção do crime, mas assume o risco, por duas vezes.
“Velocidade excessiva num domingo à tarde, dia das mães, passando por via que sabia, ou ao menos deveria saber, de trânsito de pessoas. As consequências do delito atingiram toda uma família, deixando não só marido e pai sem as vítimas, como o meio familiar por completo”, diz trecho da sentença, assinada pelo juiz Luiz Antonio Cunha, da Vara do Júri e Execuções Criminais.
Grossi, que tinha 51 anos quando ocorreu o acidente, foi preso após passar por atendimento médico devido aos ferimentos que sofreu na colisão. Ele passou por uma cirurgia na boca e no maxilar e foi pronunciado para ser submetido ao Tribunal do Júri em decisão de 17 de janeiro de 2022.
Contatada pelo g1, a defesa do acusado não se manifestou sobre a sentença até a última atualização desta reportagem.
Teste de bafômetro
Ao atender o caso, à época, o delegado do caso, Gillys Esquitini Scrocca informou que o motorista do veículo tinha consumido bebida alcoólica. A SSP informou que o teste do bafômetro apontou 0,33 miligramas de álcool por litro de ar alveolar.
“Isso significa que ele estava sob efeito de álcool. Não podemos afirmar que estava embriagado, mas sim sob efeito de álcool. […] Existe uma qualificadora exatamente no que tange atropelar alguém na calçada, tratando-se de um duplo homicídio com essas qualificadoras e também com a modificação da agravante da lei sob efeito de álcool”, explicou o delegado na ocasião.
“A imprudência, a negligência, a imperícia caracterizadas. E também o lado criminal de se dirigir sob efeito de álcool. Com firmeza sob aspecto legal de aplicar o ordenamento jurídico com vigor, inclusive para servir de exemplo para outros condutores”, acrescentou Scrocca.
No processo, no entanto, a defesa de Grossi nega a informação e diz que não houve comprovação de estado de embriaguez. Além disso, argumentou que houve ausência de previsibilidade objetiva, ou seja, que o acusado não podia prever a possibilidade do resultado que sua conduta provocaria.
Mortes no Dia das Mães
“Tirou a vida de duas pessoas inocentes. Agora a gente quer justiça, né? Ele não pode ficar impune do que aconteceu”, afirmou à época José Cordeiro, irmão da Valquíria, à EPTV, afiliada da TV Globo. Além do marido, ela deixou outros dois filhos, que são adolescentes.
O acidente ocorreu em frente a uma oficina, que ficou com portão e parte do muro destruídos.
“É uma tristeza muito forte, muito grande. Em pleno Dia das Mães uma mãe e filhinha morrer? Meu Deus amado…”, lamentou o funileiro Tomaz Gimenez.
Tainara Cordeiro dos Santos completaria 2 anos de idade dez dias após o acidente que tirou sua vida.
Do G1