Autor de ataque em ônibus de Piracicaba ficou em silêncio em depoimento e aparentava calma na carceragem
O homem de 52 anos que esfaqueou seis pessoas em um ônibus e matou três delas, em uma das principais avenidas de Piracicaba (SP), na terça-feira (21), ficou em silêncio no depoimento à Polícia Civil e aparentava calma após ser contido pela Polícia Militar e levar à carceragem do 1º Distrito Policial da cidade, segundo a delegada da Divisão Especialista em Investigações Criminais (Deic), Juliana Ricci.
Ao ser ouvido, ele não deu qualquer explicação para o ataque, informando apenas que não iria falar com a delegada, o que é garantido pela Constituição.
“No interrogatório policial dele aqui, no auto de prisão em flagrante, ele ficou em silêncio, ele não falou nada. Lá no local ele tinha falas desconexas, mas logo após ele ser contido, foi colocado na viatura da Polícia Militar, então as pessoas não ficaram conversando com ele, mas de qualquer forma ele não se bateu nem na viatura da Polícia Militar e nem na carceragem, na delegacia. Então aqui, aparentemente, no que eu vi, ele estava calmo”, detalhou Juliana.
Ela também comentou uma hipótese de surto psicótico. “A versão de que ele estaria em surto é uma opinião que a gente tem pela gravidade, pelos danos causados e pela ausência de qualquer relação do autor com as vítimas. Então, seria uma conduta totalmente inexplicável, mas justificável para alguém que estaria fora da realidade”.
No entanto, ela observou que ele não reagiu à abordagem da Polícia Militar de Piracicaba, o que levanta a hipótese de que não estivesse totalmente “fora da realidade” e traz mais dúvidas sobre o caso.
A Polícia Civil checou no serviço municipal de saúde se o autor do crime tinha registros de atendimento psiquiátrico ou dependência química, mas nessa apuração preliminar, não foram encontrados atendimentos. “O que não impede dele ter um atendimento particular. Nossa checagem, obviamente, é em órgão público, e ele não tem essa passagem”, observa a delegada.
Autor de ataque a ônibus de Piracicaba tinha passagem por porte ilegal de arma
A chefe da Deic também informou que o autor do ataque possui uma passagem pela polícia em 2001, por porte ilegal de arma de fogo, mas que é um ato distante do crime praticado nessa terça, pelo distância temporal e diferença entre as armas, já que o crime mais recente foi realizado com faca.
“A gente sempre busca uma motivação para um ato tão grave, tão lamentável, que chocaria qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Então a gente gostaria de entender o que foi que aconteceu. Mas se a gente não conseguir essa motivação, não impede de forma nenhuma que ele seja processado e punido pelos atos que ele praticou”, finalizou.
Pertences perdidos
Juliana também informou que pertences deixados nos ônibus pelos passageiros que deixaram o coletivo às pressas durante os ataques foram levados para a sede da Deic, onde podem ser buscados pelos seus proprietários. A unidade fica na Rua Dom Pedro 1º, 2231, no Centro de Piracicaba.