PM suspeito de atirar e matar dois jovens em festa de Piracicaba se apresenta à Polícia Civil; Justiça determina prisão
O suspeito de atirar e matar duas pessoas, além de ferir mais duas, em uma festa em Piracicaba (SP) no último domingo (20) é um policial militar de 25 anos de São Paulo (SP). Ele foi identificado e se apresentou à delegacia com seu advogado nesta terça-feira (22).
A Justiça de Piracicaba determinou a prisão temporária do suspeito por 30 dias, ainda na segunda-feira (21). Segundo a Polícia Civil, se ele não tivesse se entregado, os policiais iriam cumprir o mandado de prisão.
A confusão que terminou com dois jovens mortos e outras duas pessoas feridas aconteceu na festa “Fervo”, que tinha como atração principal o show dos sertanejos Hugo & Guilherme. O evento foi no distrito Unileste. Durante o show, ocorreu um tumulto e os disparos de arma de fogo.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Juliana Ricci, o suspeito assume que estava no evento com a esposa e mais quatro amigos. Ele diz que houve uma briga e que se defendeu, mas não tinha intenção de matar.
“Ele disse que houve um empurra-empurra, a arma dele acabou caindo e, quando ele recuperou a arma, as pessoas teriam partido para cima dele e ele usou a arma para se defender. É essa a alegação dele.”
Por ser integrante de uma força de segurança pública, a Polícia Militar, o suspeito tinha porte de arma em qualquer lugar de todo território nacional, explicou a delegada.
O PM estava acompanhado da eposa, que também é PM, e mais dois casais de amigos. “Aparentemente, só houve disparo de uma única arma. Mas está tudo sendo devidamente apurado”, afirmou o diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-9), Kleber Altale.
Também segundo a chefe de polícia, agora a investigação vai fazer mais perícias, colher depoimento de outras testemunhas e analisar munições. A Polícia Civil ainda vai apurar a dinâmica de como tudo ocorreu no evento.
Ainda nesta terça-feira, o policial foi levado pela Corregedoria da PM para o Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo. O autor pode responder criminalmente por homicídio e tentativa de homicídio.
Em relação à casa de shows, a princípio, a delegada informou que não vê responsabilidade criminal.
Apuração da PM
Comandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI-9) da PM, o coronel Cerqueira Leite informou que o caso também será apurado pela corporação.
“O Conselho de Disciplina que vai apurar a conduta, que pode gerar a demissão ou afastamento. Tem uma sequência de atividades que serão realizadas dentro do caso […] O processo apuratório, tanto da Polícia Civil quanto da Militar, vai individualizar as condutas. Então, é preciso um tempo para que nós analisemos todo o contexto. Certamente, todo o rigor será aplicado”, garantiu.
Em nota, a defesa do suspeito lamentou as mortes e prestou condolências às famílias das vítimas.
“Em respeito à ética profissional, não podemos trazer informações acerca dos fatos, contudo, a delegada Dra. Juliana, prestará maiores esclarecimentos”, informou.
Correria e desespero
Imagens publicadas em redes sociais mostram o momento dos tiros e quando começa a confusão e correria no evento.
Nas imagens é possível ver os dois artistas no palco, cantando o refrão de uma música. Em seguida ouvem-se os barulhos dos tiros. Em um dos vídeos, uma pessoa que estava no local identifica o som “É tiro, é tiro”. Em seguida começa uma confusão e a imagem é encerrada.
Vítimas
Uma das vítimas é um jovem de 27 anos, que foi atingido na região da orelha e têmpora. Ele ficou internado na enfermaria do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba e recebeu alta na tarde desta segunda-feira.
As vítimas que morreram baleadas são dois jovens:
Heloise Magalhães Capatto, de 23 anos, era estudante de Odontologia. Seu corpo foi sepultado no final da tarde deste domingo (20). A Unicamp emitiu nota lamentando a morte e decretando luto oficial na instituição.
A outra vítima foi Leonardo Victor Cardozo, de 26 anos. Ele foi sepultado também no fim da tarde de domingo, em Piracicaba.
A confusão
A irmã do jovem que morreu informou que o irmão estava no show com um amigo e tentou intervir em uma briga de casal, quando o autor sacou uma arma e fez vários disparos.
A ocorrência foi encaminhada para o Plantão Policial, onde foi registrada como homicídio e tentativa de homicídio. O Deic investiga o crime desde o domingo.
No evento, segundo apuração da polícia, havia cerca de 4 mil pessoas.
Empresa organizadora do evento, Burn19 Produções, emitiu uma nota sobre o caso. “A organização do evento presta toda a solidariedade às vítimas e familiares que foram afetados por esse terrível ocorrido e se coloca à disposição das autoridades para a realização das diligências necessárias, bem como colaborar com os trâmites da investigação em andamento”
A empresa também informou que a festa contava com documentos legais e alvará para acontecer, e que no local do evento tinham seguranças particulares e que havia sim revista pessoal, além de atendimento ambulatorial.
A dupla sertaneja também emitiu nota lamentando o ocorrido. “Hugo e Guilherme se solidarizam com os familiares e repugnam qualquer tipo de violência, e lamentam profundamente acontecimentos como estes.”