Com aumento de casos de covid-19, Amazonas quer criar vagas de UTI
O governo do Amazonas confirmou a intenção de criar 60 novas vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de cinco hospitais públicos para tratar pacientes internados em estado grave devido à covid-19. A medida está sendo discutida com o Ministério da Saúde, ao qual o estado pede ajuda para a contratação de profissionais.
Conforme o boletim epidemiológico que a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) divulgou ontem (5) a noite, 349 pacientes internados em UTIs de hospitais públicos e privados de todo o estado foram diagnosticados com a doença. Destes, 215 pacientes ocupam leitos da rede pública de saúde, e 134 da rede privada.
Mais 73 pessoas que estão recebendo cuidados intensivos ainda não receberam os resultados dos exames clínicos, mas são tratados como casos suspeitos de covid-19. Entre elas, 57 estão em UTIs particulares e 16 em leitos do Sistema Único de Saúde (SUS)
Contratações
No geral, havia, nesta terça-feira, em todo o estado, 1.106 pessoas internadas com a doença. Destas, 738 estavam em leitos clínicos (467 na rede pública e 271 na rede privada), 349 em UTIs e 19 nas chamadas “salas vermelhas” (estruturas destinadas à assistência temporária a pacientes críticos ou graves que, uma vez estabilizados, são encaminhados a outros pontos da rede de atenção à saúde).
Já o total de pacientes internados com a suspeita de terem sido infectados pelo novo coronavírus chegava a 468 – 376 em leitos (216 na rede pública e 160 na rede privada), 73 em UTIs (57 na rede privada e 16 na rede pública) e 19 em “salas vermelhas”.
Só ontem, a Fundação de Vigilância em Saúde contabilizou a confirmação de 1.928 novos casos da doença nas 24 horas anteriores, além de 46 mortes – o que elevou para 204.900 o total de casos da doença registrados no estado desde março de 2020, e para 5.414 o total de óbitos no mesmo período.
O plano da secretaria estadual para evitar uma eventual falta de leitos é instalar os 60 novos leitos de UTI em cinco das unidades de saúde da capital, Manaus: Hospital Beneficente Português, Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), Maternidade Ana Braga e Instituto da Mulher Dona Lindu.
Em nota, o secretário estadual de Saúde, Marcellus Campêlo explicou que ainda não há uma data definida para que os novos leitos sejam disponibilizados, pois uma das dificuldades encontradas pelo governo estadual é a contratação de mais profissionais de saúde – tema que, segundo Campêlo, vem sendo debatido com técnicos do Ministério da Saúde.
Hoje (6), o governador Wilson Lima se reuniu, em Brasília, com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Segundo Lima, o ministro se comprometeu a enviar, nos próximos dias, 78 respiradores, monitores e medicamentos para o Amazonas, além de auxiliar o estado a contratar profissionais de saúde. Ainda de acordo com o governador, o ministro agendou uma visita a Manaus na próxima segunda-feira (11). Consultado, o Ministério da Saúde informou que divulgará, ainda hoje, uma nota detalhando as medidas que serão adotadas.
Riscos
A situação no Amazonas motivou a Justiça a acatar um pedido do Ministério Público estadual, determinando o fechamento de atividades não essenciais por 15 dias, em todo o estado. Em sua decisão, o juiz Leoney Harraquian também ordenou que o governo do Amazonas adote medidas para impedir aglomerações em estabelecimentos considerados essenciais.
No pedido que apresentou à Justiça, o Ministério Público argumentou que o período eleitoral e os preparativos para as festas de fim de ano levaram ao aumento do “contato entre pessoas infectadas e não infectadas, gerando uma aceleração da curva de casos de infecção e, assim, nova mais grave sobrecarga ao sistema estadual de saúde”.
Em resposta à decisão judicial, o governo do estado acionou, na última segunda-feira (4), o alerta roxo, o que significa o reconhecimento do alto risco de contaminação pelo novo coronavírus em todo o Amazonas.
Além da suspensão por 15 dias de todas as atividades econômicas consideradas não essenciais, o Decreto nº 43.269 restitui a validade das condições impostas pelo Decreto nº 43.234, do mês passado. Com isso, ficam proibidas, entre outras coisas, reuniões em espaços públicos, clubes e condomínios; a realização de celebrações de formatura, aniversários e casamentos, independente da quantidade de pessoas presentes; a visitação a pacientes internados com a covid-19, ao sistema carcerário e a unidades socioeducativas; o funcionamento de restaurantes, salvo para a entrega de comida (delivery, drive thru ou coleta); a atividade de vendedores ambulantes, entre outras.
Para reduzir os impactos econômicos da suspensão de parte das atividades, o governo estadual anunciou uma série de medidas tributárias, fiscais e de crédito, como a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 3,5% para 2% para estabelecimentos que vendem refeições. A Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) disponibilizará R$ 140 milhões para micro, pequenas e médias empresas, além de profissionais e produtores rurais, por meio de uma linha de crédito emergencial que oferecerá opções de financiamentos de R$ 500 a R$ 100 mil, conforme a atividade e a análise de crédito do interessado.
No mesmo dia (4), a prefeitura de Manaus decretou situação de emergência na capital do estado pelo período de 180 dias. O Decreto nº 5.001 autoriza a prefeitura a, entre outras medidas, contratar pessoal temporário, serviços e a comprar bens e materiais para conter o avanço da pandemia. A medida também suspende a autorização para a realização de eventos, proíbe a suspensão do fornecimento de água e esgoto e o estabelece o regime de teletrabalho na administração municipal.
Edição: Aline Leal