Polícia do Rio faz operação contra grupo que fraudava órgãos públicos
Agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagraram hoje (9) uma operação contra uma organização criminosa que praticava fraudes no abastecimento de frotas de clientes corporativos.
De acordo com a secretaria, as fraudes ocorriam em um posto de abastecimento de São Cristóvão, zona norte do Rio. Os policiais foram às ruas para cumprir cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados à quadrilha. O delegado titular, Pedro Brasil, informou que foram cumpridos três dos cinco mandados e apreendidos três celulares, um laptop e diversos documentos.
Segundo Brasil, o esquema lesou empresas privadas e entes públicos como os Correios, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Defensoria Pública do Estado do Rio. O grupo era formado por frentistas e motoristas de veículos ligados às empresas e aos órgãos públicos.
“A gente conseguiu cumprir três, porque dois eram em comunidades e a gente não conseguiu entrar. São mandados de busca e apreensão, não são de prisão”, revelou à Agência Brasil.
Conforme as apurações, os funcionários dos postos simulavam o abastecimento, com o consentimento dos motoristas, que assinavam o recibo de crédito, documento que garantia o pagamento ao estabelecimento. A sobra de dinheiro do caixa era apropriada pelos integrantes da organização. “Eles iam lá [no posto] para abastecer, não abasteciam de fato e passavam os cartões corporativos que dava o crédito. Como isso gerava uma sobra de caixa, os frentistas e os motoristas dividiam esse dinheiro”, disse.
O monitoramento no posto feito pela DDSD mostrou que só no período entre 26 de julho e 24 de agosto deste ano foram constatados 16 abastecimentos fraudulentos. De acordo com o delegado, as fraudes alcançaram R$ 100 mil por mês. Os agentes constataram, no entanto, que a prática vinha ocorrendo há mais tempo. “Depois que terminamos essa parte da investigação, outras informações foram chegando. Isso [o esquema] já acontecia há muito tempo e tem outras pessoas envolvidas. Por isso, não encerramos as investigações ainda. Esperamos que com a oitiva das pessoas e a análise dos dados de celulares apreendidos, a gente consiga chegar a outras vítimas”, disse.
A investigação utilizou imagens de câmeras de segurança e análise de documentos e dados do software das bombas de abastecimento, o que permitiu a identificação, até o momento, de cinco envolvidos, sendo três frentistas e dois motoristas, que serão ouvidos nesta terça-feira na delegacia. “Queremos saber se tem outros frentistas e motoristas envolvidos. Se tinha outros funcionários para saber que o número de criminosos é maior do que a gente tem até o momento. Eles estão com os advogados aqui para serem ouvidos”, completou.
O delegado disse que a polícia ainda não tem informação se as fraudes ocorriam também em outros postos. A identificação do posto onde o esquema era feito foi obtida a partir de denúncia do dono do estabelecimento. “Neste posto, conseguimos porque quem trouxe as informações foi o próprio dono, que é vítima nessa história. Os criminosos são os frentistas e os motoristas que utilizaram o posto para as fraudes e lesaram empresas privadas e entes públicos como MP, Correios e Defensoria. O posto não lucrava nada com isso”, afirmou.
Pedro Brasil acrescentou que o dono do posto chegou à conclusão que havia algo errado a partir da análise das notas do estabelecimento. “Uma funcionária dele, fazendo uma análise contábil, notou que algumas notas não estavam batendo com o horário do abastecimento. O posto tem um software. Eles perceberam isso e trouxeram os documentos para analisarmos. Isso partiu deles e conseguimos chegar a essa fraude. A partir daí, por meio de câmeras, a gente conseguiu controlar o que estava acontecendo. Os veículos entravam lá, passavam o cartão e não abasteciam.”
Edição: Maria Claudia