SP: só um em cada 100 mil idosos teve reação a vacinas de 2015 a 2017
Dos 15 milhões de idosos vacinados em São Paulo de 2015 a 2017, apenas 207 tiveram alguma reação adversa. Desses, 89% tiveram reações leves, como dor no local da aplicação da vacina, e 3% relataram eventos graves. Os dados fazem parte de estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, das universidades de São Paulo (USP) e Católica de Brasília (UCB).
“O estudo mostrou que o risco é mínimo se comparado com o efeito que a pessoa pode ter, por exemplo, ao contrair uma gripe, que pode virar pneumonia, precisar de uma internação e até ir a óbito”, afirma Beatriz Aparecida Ozello Gutierrez, uma das autoras do estudo, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da USP. Entre os casos graves, foram dois registros com hospitalização e nenhum óbito.
O levantamento foi feito a partir de notificações de eventos adversos do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O programa, do Sistema Único de Saúde (SUS), oferece à população idosa, no calendário nacional de vacinação e em campanhas nacionais, cinco tipos de vacinas: difteria e tétano (dT), hepatite B, febre amarela, influenza e pneumocócica 23 (Pn23).
Para a pesquisadora, os dados reforçam a segurança das vacinas e a importância da imunização. “É fundamental que outros estudos tragam isso, especialmente agora que estamos na vacinação contra a covid-19, para que a população vá se vacinar”, destaca. O trabalho contou com a divulgação da Agência Bori.
Orientação
Para diminuir ainda mais a possibilidade de efeitos adversos, que já estão previstos inclusive na bula do imunizante, é fundamental a orientação dos usuários. Beatriz acredita que isso é papel do profissional de saúde, mas também pode ser feito por meio de outros instrumentos de comunicação, como panfletos.
“Vocês toma a vacina e recebe um panfleto dizendo: ‘Olha, essa vacina pode trazer uma dor no local, pode trazer uma hiperemia, todos os efeitos que estão na bula. Existe um estudo para isso, então ele corre um risco sim de apresentar alguns desses efeitos. A população tem que ser alertada quanto a isso”, defende.
Notificação
Ainda de acordo com a pesquisadora, a análise dos dados mostrou algumas falhas nas notificações. O primeiro ponto de atenção é que “o próprio usuário daquele serviço de saúde deve ser bem orientado sobre a necessidade de, em qualquer intercorrência, procurar o serviço de saúde”.
Além disso, ela lembra que os profissionais devem estar atentos aos registros. “A notificação precisa ser muito bem feita pelo profissional de saúde. A gente viu que alguns campos estavam em branco, mostrando que o profissional esqueceu de preencher, ou que ele não perguntou para a pessoa que estava ali fazendo a notificação”. Ela defende mecanismos de educação continuada dos profissionais da área.
Edição: Graça Adjuto