Inquérito sobre paraquedista do Exército que morreu durante salto aponta fraude e falha humana
A Polícia Civil de Boituva(SP) concluiu, nesta quinta-feira (2), a investigação sobre a paraquedista do Exército Brasileiro que morreu durante um salto no Centro Nacional Paraquedismo (CNP).
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Emerson Jesus Martins, a ocorrência foi apresentada à Justiça como periclitação da vida, já que a queda ocorreu devido a um erro cometido por Bruna Ploner durante a manobra.
Conforme o inquérito, a investigação apontou ainda que houve fraude processual por parte da escola de paraquedismo, que não preservou o local do acidente para dar continuidade aos saltos.
“Ocorreu ilícito a ser imputado ao Centro de Paraquedismo de Boituva, que não preservou o local do acidente, antes, lavou o local, limpou o sangue da vítima (literalmente) e recolheu os vestígios (pedaços de ossos da vítima), para não prejudicar a continuidade dos outros saltos, prejudicando a perícia no local”, apontou.
Durante as investigações, a Polícia Civil concluiu também que Bruna realizava a filmagem de outros saltos e usava um equipamento de alta performance, para proporcionar descidas em alta velocidade. Vale ressaltar que não foram identificados problemas técnicos no equipamento, que pertencia à paraquedista.
Em relação ao atendimento da vítima, o delegado apontou a falta de socorristas no CNP e de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Boituva.
“O socorro foi rápido, porém inadequado já que, conforme apurado, se a vítima tivesse sido atendida por médico socorrista com equipamento adequado (UTI fixa ou móvel), haveria maior chance de vida para a vítima”, explicou o delegado Emerson, baseado no depoimento do marido da paraquedista.
A Polícia Civil apurou que Bruna ainda apresentava sinais vitais quando foi atendida pelos socorristas. No hospital, ela teve várias paradas cardíacas e acabou falecendo.
O laudo necroscópico apontou que a vítima teve traumatismo craniano com edema encefálico com hemorragia, traumatismo torácico com contusão pulmonar, traumatismo abdominal e ruptura de hilo renal e traumatismo ortopédico com fratura exposta em diversos pontos.
O inquérito foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que dará andamento ao processo.
Relembre o caso
O acidente aconteceu na manhã do dia 24 de abril de 2022. De acordo com atletas locais, a paraquedista saltou com um paraquedas menor, de alta performance, mas que era adequado para o tipo de salto que ela fazia, chamado de “belly fly”.
Já no momento do pouso, segundo os atletas, é necessário fazer uma curva no ar antes da aterrissagem, e é possível que a paraquedista tenha feito esse movimento em uma altitude menor do que a indicada.
Uma câmera de segurança registrou o acidente. O vídeo mostra que a paraquedista caiu no chão e foi arrastada por alguns segundos (veja acima). Com o impacto no chão, Bruna sofreu politraumatismo e foi levada ao Hospital Municipal São Luiz, mas não resistiu aos ferimentos.
O corpo de Bruna foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Itapetininga (SP), onde passou por exames, e depois enterrado em um cemitério de São Bernardo do Campos (SP).
Para a investigação, a Polícia Civil apreendeu três paraquedas, um capacete de esporte de lazer, câmera, cartões de memória, óculos de segurança, baterias, mochila e instrumentos de precisão. Também foi solicitado um exame toxicológico na vítima e testemunhas serão ouvidas.
Quatro dias após a morte da paraquedista, a polícia fez ainda uma representação judicial pedindo a suspensão de todas as atividades de salto no centro de paraquedismo da cidade.
Sargento de Exército Brasileiro
Na época, o Exército se posicionou dizendo que Bruna era considerada uma atleta experiente, inclusive, como atuado como instrutora de saltos. Ela estava no cargo de 3º sargento do Exército Brasileiro e integrava o Programa de Atletas de Alto Rendimento da corporação, ligado à Comissão de Desportos do Exército (CDE).
Do G1