Os “fora-de-série” com mecânica GM que foram sucesso nos anos 60, 70 e 80
Nos anos em que carros importados eram proibidos em terras brasileiras, as pequenas fábricas usavam e abusavam da criatividade, só para vender aos potenciais clientes carros diferenciados. A receita era básica: aproveitavam, em comum, chassi e mecânica Volkswagen e fabricavam por meio de moldes a carroceria confeccionada em fibra de vidro.
Assim, surgia vários carros exclusivos, diferente da maioria das então quatro montadoras principais existentes: Volkswagen, Fiat, Ford e Chevrolet . Eram conhecidos como fora-de-série dada a fabricação artesanal e com baixa produção. A Chevrolet também tinha participação nessa brincadeira e chegou a compartilhar motores e chassi com alguns desses fora-de-série.
O potencial cliente precisava pagar mais caro, em sua maioria, mais que o dobro de um carro convencional de entrada. Um Puma GTB , por exemplo, poderia ser comprado pelo equivalente a quase três VW Passat zero-quilômetro.
Conheça cinco carros fora-de-série que utilizam mecânica vinda de veículos da marca Chevrolet.
1 – Santa Matilde
O 2+2 fabricado em Três Rios, (RJ) surgiu da ideia entre o engenheiro Humberto Pimentel e sua filha, Ana Lídia, além do preparador e piloto Renato Peixoto. Juntos criaram o SM com mecânica Opala ( 2,5, 2,5 turbo a álcool e 4,1 de 6 cilindros a gasolina ) com câmbio manual ou automático.
Em maio de 1978, o SM chegou a custar 330.000 cruzeiros, o preço de dois Opala Comodoro seis cilindros, o topo da linha.
2 – Puma GTB
Apresentado no Salão do Automóvel em 1973 como Puma GTO (Gran Turismo Omologato) ou apenas Puma Opala , o cupê só seria vendido no ano seguinte como GTB (Gran Turismo Brasil).
Ao contrário dos irmãos, o GTB recebia motor Chevrolet 250S 4.1, 6 cilindros montado sobre um chassi tubular próprio. Em 1979, surgiu o S2 e depois S3 (com motor 4 ou 6 cilindros a álcool) e S4 (turbo) . Com o preço de um S2 , podia-se comprar quase três Passat LS zero-quilômetro.
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3 – Brasinca 4.200 GT
A Brasinca , que até então só fabricava carrocerias para utilitários, precisava de um esportivo para peitar o Willys Interlagos que reinava só no segmento de esportivos nacionais na década de 60.
Apresentado no Salão do Automóvel de 1964, o 4200 GT (ou Uirapuru, nome do projeto), era equipado com motor de 4271 cm³, seis cilindros em linha e 155 cv que já era utilizado nos caminhões e utilitários. Com câmbio Clark de três marchas e fazia de 0 a 100 km/h sem trocar de marcha, tudo em primeira!
4 – Envemo Camper
A paulistana Envemo (Engenharia de Veículos e Motores) , acostumada a fabricar réplicas de Porsche com base VW , resolveu apostar em um SUV , em 1989. Para isso, lançou o Camper com desenho do Jeep Cherokee Sport de primeira geração e chassi do Engesa 4 .
Podia ser equipado com motores de quatro cilindros de 2.5 litros (82 cv), seis cilindros de 4.1 Iitros (121 cv) – ambos de origem Chevrolet a álcool ou gasolina.
5 – Aurora 122-C Turbo
O esportivo surgiu em 1988 num galpão no bairro de Moema, em São Paulo, pelo engenheiro paulista Oduvaldo Barranco cujo projeto consumiu 3 milhões de dólares. O motor era do Monza 2.0 , porém com alguns ajustes mecânicos que o fizeram crescer de 1998 para 2.184 cm3 que associado ao turbo Garrett 357 T3 com 0,9 bar de pressão rendia 214 cv e 34 mkgf de torque.
Durante o Salão do Automóvel, em São Paulo, foram encomendadas 72 unidades ao preço de US$ 50.000 dólares cada, o equivalente ao de um BMW 316i ou Mitsubishi Eclipse Turbo no final dos anos 90.