Aero Willys, a trajetória do primeiro carro desenvolvido no Brasil
Os Aero Willys tiveram sua origem nos Estados Unidos quando a Willys do empresário John North Willys comprou a Oveland Automobile Company no ano de 1907.
John era também representante de várias marcas de atuomóveis e, logo depois de a Overland passar por um momento delicado envolvendo dívidas, o empresário firmou uma parceria com a Pope Company. Nascia então a Willys Overland Company.
Por aqui, a Willys Overland chegou em 1952 construindo seu primeiro veículo, o Jeep Willys, e oito anos depois, era lançado oficialmente o Aero Willys brasileiro, já preparado para rodar nas nossas condições de piso. O Aero, agora nacional, continuava recebendo melhorias, se adequando às novas exigências dos clientes.
O carro tinha as mesmas linhas do modelo americano da década de 50 que o originou. Uma das marcas registradas do sedã da Willys era a traseira no estilo ‘rabo-de-peixe’, que muitas outras montadoras americanas já utilizavam em seus carrões como em alguns modelos da Chevrolet e Ford.
Sua aparência robusta e clássica consistia em três volumes bem definidos. Na frente três pessoas viajavam com muito conforto, graças ao banco inteiriço levando em consideração o seu câmbio de três marchas sincronizadas , localizado na coluna de direção.
Vale lembrar que a transmissão do Willys ainda podia vir com a opção do ‘overdrive’ , ou automático (Hidra-Matic da GM) , isso em 1952, quando ainda não era fabricado por aqui, pois a oferta deste equipamento encareceria muito o produto.
O motor, o mesmo que equipava o Jeep Universal , de seis cilindros em linha de 2,6 litros , rendia 115 cv no Aero Willys. Houve ainda outra opção de motorização, pois as versões do Aero americanas modelo 1954 chegaram a ser fabricados com motor Kaiser 226.
Os Willys eram muito charmosos e elegantes e o grande destaque era o abuso de adereços cromados como os da grade dividida em duas partes, semelhantes às do Willys Rural. Atrás, pequenas barras transversais marcavam o estilo do carro.
Internamente, o Aero Willys também era diferente dos modelos americanos, assim como o acabamento interno, porém podia contar com itens de sofisticação pouco comuns até para o dias de hoje como bancos, painel e forração das portas revestidos em couro e aplicação de madeira de jacarandá.
Em 1960, o índice de nacionalidade do modelo produzido no Brasil não passava de 40% e inicialmente o Aero Willys nacional era pra se chamar Brasília. A primeira mudança ocorreu em 1962 e já representava uma etapa importante na realização de um carro de concepção bem nacionalizada.
O modelo 1962 apresentava ainda a mesma aparência básica de seu predecessor americano. O principal detalhe externo era o friso lateral reto, que no modelo americano era em ‘Z’ separando a pintura em duas cores (saia e blusa).
Em dois anos de produção, como versão definida Itamaraty , surgia uma nova motorização de 3,0 litros que desenvolvia 132 cv a 4400 rpm, garantindo força extra aos parcos 115 cv da antiga versão.
A primeira mudança no Aero
As principais modificações introduzidas no Aero 1962 externamente ficaram por conta das novas cores, rodas (perfuradas) e calotas, Além disso, o novo sedã ganhou frisos laterais, maçaneta na tampa do porta-malas e exclusivas lentes da luz de ré. Internamente, nova localização dos botões, cinzeiro e rádio.
Bancos ganharam novas padronizações sendo que os traseiros ficavam mais baixos. O revestimento das portas era acarpetado na parte inferior. Na parte mecânica havia novos sistemas de freios Duo-Servo nas quatro rodas, sistema de escapamento, montagem de freio de mão entre outros detalhes.
A segunda mudança no Aero
Chamada de projeto ‘213’ , o Aero Willys – projeto de autoria do estilista americano Brook Stevens – na sua segunda geração era chamado de Aero 2.600 e foi considerado o primeiro automóvel inteiramente concebido e construído no Brasil.
A primeira aparição do projeto 213 ou Aero Willys 2600 veio ao mundo aconteceu em outubro de 1962 durante o Salão do Automóvel de Paris. O motor também brasileiro era monobloco e desenvolvia 110 cv de potência a 4.400 rpm e torque máximo de 19,4 kgfm a 2.000 rpm.
O ano de 1963 foi um marco para a Willys por causa do 60º aniversário do primeiro modelo, o Overland de 1903.
A terceira mudança no Aero
O Aero 1965 ganhava melhorias em suas linhas como a nova traseira, mais baixa e com novos desenhos de lanternas; além de novos contornos no farol. Outras remodelações viriam nos frisos, além de exclusivas opções de cores e padronagem dos bancos e câmbio de quatro marchas sincronizadas.
Em 1966 foi a vez do lançamento de uma nova versão mais luxuosa, batizada de Itamaraty , que vinha com bancos de couro, ar-condicionado, opcional com saídas de ar traseiras, frente e traseira reestilizados.
No Aero 1967 houve mudanças pouco significativas, a lanterna traseira passava a ser composta por três partes distintas (vermelho/âmbar/cristal), e novo painel com cinco instrumentos separados. O anterior era de três instrumentos sendo gasolina/temperatura, velocímetro/hodômetro e bateria/óleo.
No mesmo ano uma grande mudança ocorreu no Itamaraty com nova frente, novas calotas, lanternas traseiras e novo acabamento, além do Itamaraty Executivo , considerada a primeira limusine brasileira de série. Contava com vários opcionais – poucas unidade foram fabricadas.
De 1962 a 1972 poucas modificações ocorreram na linha Aero, a mais significativa foi o motor, que passou a ter 3.000 cc. Mudaram os padrões de acabamento e novas cores foram adotadas.
Depois da compra da Willys pela Ford , os automóveis passaram por muitas modificações, tendo sido, inclusive enviados para teste nos Estados Unidos.