Carro elétrico é coisa de rico?
Fala, galera. Tudo bem? Muito obrigado por todo o apoio que tenho recebido pela coluna. Sinto que estou seguindo o caminho certo. Os comentários que tenho recebido são imprescindíveis para trazer assuntos mais relevantes.
Já falei sobre a mobilidade elétrica no Brasil e já falei sobre a importância da transmissão de experiência dos early adopters para o desenvolvimento de projetos e produtos com a cara brasileira.
Mas o assunto de hoje será um pouquinho mais polêmico: Será que carro elétrico é coisa de rico?
Bem, mais uma vez, vou trazer um pouco da minha história. Em 2013 fiz uma viagem com a família e precisei pegar um táxi da Lapa, zona oeste de São Paulo, até o Aeroporto de Guarulhos (33 km de distância). Paguei R$ 150 na corrida. Conversando com a minha esposa, eu disse que conseguiria fazer por R$ 90,00 esse trajeto para os vizinhos do condomínio e ficaria bom para mim e para os vizinhos. Foi assim que comecei a fazer bico como motorista. Somente após esse episódio que surgiram os Apps na minha vida.
Eu continuava com a minha rotina no escritório e precisava chegar ao trabalho próximo ao início do horário do rodízio. Esse foi o primeiro motivo para adquirir um veículo elétrico. O segundo foi o custo da manutenção e do combustível (lembrando que a média da gasolina era R$ 4,50 na época). Então, apenas para contextualizar, não comprei um carro elétrico para trabalhar como motorista de App, mas comprei um carro elétrico e aproveitei para trabalhar como motorista de App.
O trabalho com o Chapolin Colorado (meu querido JAC iEV40) abriu várias portas, desde o canal no YouTube , a parceria com a Tupinambá Energia e agora esta coluna no Portal iG . Entretanto, o meu conteúdo abriu mentes e oportunidades para outros motoristas de App que, esses sim, têm o carro como atividade principal.
Convenhamos, apesar de valores relativamente consideráveis de ganhos no App, pouco desse valor fica para o motorista e sua família. A maioria do dinheiro recebido é gasto na operação do trabalho (manutenção, combustível, seguro, lavagem, etc). Quando comecei a demonstrar o custo do km rodado, muitos motoristas começaram a fazer as contas.
O primeiro fator relevante é o custo do combustível. Vou deixar por conta de cada um: rodando de 6.000 a 10.000 km por mês, qual é o custo do combustível na sua região?
Para o pessoal de São Paulo, quanto você ganharia a mais se fosse isento do rodízio?
Qual é o custo que você tem com a manutenção de peças de desgaste natural, como embreagem, filtro de óleo, filtro de combustível? Quantas vezes você sofreu avarias no veículo devido ao uso de combustível adulterado?
Quanto você deixa de ganhar cada vez que para o carro no dia da revisão (as revisões dos carros elétricos são mais simples e rápidas)?
Agora olhando para o motorista, quantas vezes você chegou em casa com o corpo todo dolorido após horas atrás do volante? O carro elétrico causa menos cansaço físico ao corpo (vou deixar isso para outro texto).
Entretanto, é importante sermos realistas. De fato, o custo para aquisição ou aluguel de um carro elétrico é um valor impeditivo para a maioria dos brasileiros. Precisa-se fazer um investimento planejado. Além do valor do carro em si, é preciso avaliar se o Estado de licenciamento oferece algum benefício como isenção de IPVA. Não são todos, mas muitos já adotaram esse benefício.
Temos um fator muito importante, principalmente para o motorista de App: o custo do seguro veicular. É fato que o valor do prêmio é maior que o de um carro popular e o motorista de App está mais sujeito a um sinistro. Entretanto, as seguradoras precisam levar em consideração a reeducação e as mudanças de hábitos ao conduzir. Os motoristas buscam a maior eficiência energética possível e, em segundo lugar, pela ausência de barulho, é preciso um cuidado maior para o caso de o veículo não ter sido percebido pelos demais.
Considerando os prós e contras, a balança pende muito mais para o positivo do que para o negativo. Infelizmente isso não é suficiente para animar muitos motoristas a darem este grande passo. Cientes da necessidade de um “empurrãozinho”, empresas como a Uber e a 99 já preparam projetos de incentivo à mobilidade elétrica.
Um exemplo é a coalizão recém-anunciada entre 99, Tupinambá Energia, Raízen, Caoa Chery, Ipiranga, Movida, Unidas e Zletric .
Nos últimos dois anos, fico muito feliz e honrado quando conheço novos motoristas que migraram para a mobilidade elétrica. Me dá uma sensação de missão cumprida ao transmitir minha experiência. Estou muito animado com todas as ações anunciadas e para um futuro breve.
E se você, caro leitor motorista de App, ainda não se convenceu que o veículo elétrico é a melhor opção, faço um teste. Alugue um carro elétrico por um mês ou menos, faça um test drive e chegue a suas próprias conclusões.
Até o próximo texto…