Como é andar no ônibus Mercedes-Benz que acelera e freia sozinho
Não faz muito tempo, sistemas eletrônicos de assistência ao motorista como o ACC (controlador automático de velocidade adaptativo), monitor de presença em faixa e frenagem autônoma eram equipamentos até então vistos apenas em carros de passeio na faixa acima de R$ 200 mil. Mas essas tecnologias passaram a ficar mais comuns e atualmente são vistas também em veículos comerciais.
Esse pacote de assistentes eletrônicos é um dos destaques do chassi Mercedes-Benz O 500 RSD 2443 6×2, que é voltado para uso em ônibus rodoviários. O equipamento é opcional nos veículos na configuração 6×2 e de série nos 8×2, combinado ao câmbio automatizado GO-240 de oito marchas e ao motor OM 457 LA, um seis cilindros diesel de 12 litros, que é calibrado para desenvolver 428 cv.
Um radar frontal na grade é o responsável por comandar o ACC . O equipamento começa a operar a partir dos 15 km/h e, assim como nos carros, permite regular manualmente a distância mínima para os veículos à frente, que se altera de acordo com a velocidade do tráfego.
Engenheiro de marketing da Mercedes-Benz, Gilson Zinetti explica que apesar de levar o mesmo nome dos sistemas utilizados nos veículos de passeio da marca, o controlador automático de velocidade foi programado para funcionar de uma maneira diferente nos ônibus, com o objetivo de reduzir a necessidade de uso dos freios convencionais.
“O sistema de freio tem gerenciamento eletrônico e permite integrar tecnologias como o ACC. Ele é capaz de interpretar se basta o uso do freio motor para fazer o controle de velocidade ou quando é necessário o emprego do retarder (sistema auxiliar de freio montado na transmissão dos veículos pesados) e dos freios convencionais”, ressaltou.
O mesmo radar é responsável também por operar o sistema de frenagem autônoma de emergência, que funciona inicialmente dando alertas visuais e sonoros de risco de colisão, mas é capaz de interferir para parar o veículo.
Por medida de segurança, o fabricante instalou um sistema que permite “punir” os motoristas mais agressivos. Caso o condutor se envolva em mais de três ocorrências de “quase acidente” em um mesmo dia, a frenagem automática é desativada e uma mensagem de erro aparece no painel, exigindo o seu desbloqueio na concessionária.
Já o monitor de manutenção em faixa é comandado por uma câmera instalada no para-brisa e opera acima de 60 km/h. O equipamento faz a leitura das faixas e emite um alerta sonoro (em alto e bom som) caso as rodas ultrapassem uma faixa sem que o motorista sinalize a manobra. Existe a opção ainda de integrá-lo a um alerta vibratório no assento do condutor.
Todos esses sistemas são comandados pelo condutor por meio de um comando na coluna de direção e podem ser monitorados pela tela multifuncional do quadro de instrumentos, que exibe também informações sobre a pressão e temperatura dos pneus e traz um computador de bordo que permite gravar até metas de consumo de combustível.
Na estrada
Para ver como essas tecnologias de condução funcionam em um veículo comercial, fomos conduzidos por Humberto Pessoa, motorista instrutor da Mercedes-Benz , em um trajeto de cerca de 50 km que incluiu a rodovia Anchieta e a Estrada Velha de Santos. Na maior parte do passeio, Pessoa conduziu o ônibus sem recorrer aos pedais de freio e acelerador, variando a velocidade apenas pela configuração do ACC.
Depois de avaliar vários automóveis equipados com o sistema, que nos carros de passeio normalmente apresentam respostas muito mais ágeis, o que me chamou atenção nesse ACC de ônibus são as respostas extremamente suaves de aceleração e frenagem, com o objetivo de reduzir as oscilações da carroceria e também o consumo de combustível.
Mas apesar do avanço da eletrônica, em um trecho mais sinuoso, a eletrônica do ônibus Mercedes-Benz interpretou que um carro vindo na pista contrária estava rodando no mesmo sentido e alertou o condutor, que foi capaz de interpretar o “falso positivo”. Um sinal de que mesmo com a tecnologia, o motorista bem treinado e atento ainda faz toda a diferença.
Ficha técnica
Mercedes-Benz O 500 RSD 2443 6×2
Preço: R$ 550.000 (chassi base, sem carroceria)
Motor: 12.0, seis cilindros, diesel
Potência : 428 cv a 2.000 rpm
Torque: 214,14 kgfm a 1.100 rpm
Transmissão: automatizado, oito marchas, tração traseira
Suspensão: Pneumática (dianteira e traseira)
Freios: Tambor com discos opcionais e retarder Voith R 115
Pneus: 295/80R 22,5
Dimensões: Até 14 metros de comprimento
Tanque : 20 litros (para transporte, antes da instalação da carroceria)
Consumo: não disponível
0 a 100 km/h: não disponível
Vel. Max: 120 km/h (limitada eletronicamente)