Como o Pacificador, falcoeiro diz que é possível ter uma águia em casa
Em janeiro deste ano, a HBO Max lançou a série “Pacificador”, que dá enfoque ao vilão da DC Comics que se considera um homem que luta pela paz. No seriado, é destacada a relação do Pacificador com seu mascote, a águia Eagly, e a forma como o personagem cuida dela. Na série, a ave foi feita por computação gráfica; mas no mundo real, é possível criar uma águia de estimação?
A forma em si de se criar e ter pássaros e outras aves tem sido cada vez mais questionada e repleta de alertas. Isso porque esses animais são geralmente mantidos em gaiolas ou estão sob condições que impactam o bem-estar e a qualidade de vida. No caso de aves de grande porte e silvestres, como as águias, os cuidados precisam ser muito maiores.
“Desde que o animal seja de origem legal e possua todo suporte necessário para o bem-estar, não vejo o menor problema em se ter uma águia”, diz João Paulo Diogo Santos faz parte da Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina (ABFPAR). A falcoaria é considerada um esporte que existe há milhares de anos e tem como intuito o adestramento e a criação de aves de rapina para a caça. Não apenas isso como a preservação das espécies acaba se tornando parte fundamental do processo, João Paulo explica.
O especialista é tutor de três águias: Átila, de 10 anos, Subotai, de oito, e Kublai, de dois. “São animais relativamente jovens, já que a espécie pode viver até os 40 anos sob os cuidados de um falcoeiro”, explica João Paulo. “Escolher uma águia como animal de companhia é uma questão de afinidade. Existe uma relação de parceria muito grande entre nós, uma simbiose difícil de explicar por palavras. É algo que precisa ser vivido”, acrescenta.
Espécies
O falcoeiro explica que existem cerca de seis espécies de águias no Brasil. Três destas são águias florestais e fazem parte da família dos Spizaetus; duas vivem no cerrado; e a última, a Águia-Serrana, é encontrada em regiões montanhosas e campestres (além de caçarem pombos em cidades).
“No Brasil, vale destacar que temos a mais poderosa de todas as águias: a Harpia, também conhecida como gavião-real. A fêmea pode chegar até 12 kg”, afirma João Paulo. Ele alerta que todas essas aves correm risco de extinção devido à degradação do meio ambiente.
Para o falcoeiro, a austeridade e imponência das águias são características que as diferenciam das demais espécies. Ao longo da história, foi usada para simbolizar força e poder, tendo sido utilizada como símbolo em diversos impérios.
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Mesmo sendo espíritos livres, as águias, ao lado de outras aves de rapina, foram domesticadas há milhares de anos. “A interação do homem com as águias é quase tão antiga quanto a relação do homem com os cavalos e cães”, aponta João Paulo.
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Como cuidar de uma águia
Mais do que simplesmente se tornar um tutor, a pessoa que optar por ter uma águia ou qualquer outra ave de rapina precisa se informar muito. “É necessário adquirir conhecimento sobre alimentação, treinamento e aspectos da biologia do animal; além de contar com veterinários especialistas”.
João Paulo começa explicando que as águias criadas pelos falcoeiros não ficam em gaiolas e demandam espaços muito maiores. “Elas ficam pousadas em poleiros especiais que proporcionam bem-estar para sua saúde física e mental”, explica.
Além disso, é importante que o tutor tenha toda estrutura e disposição para atender às necessidades desses animais. “Nós proporcionamos uma vida mais próxima do que seria a vida dessas aves na natureza, com voos diários, alimentação balanceada e exercícios para um bom condicionamento físico e psicológico”, ensina o falcoeiro.
As águias são animais carnívoros e precisam ter uma alimentação similar a que teria se estivesse na natureza. “Os alimentos mais utilizados são coelhos e codornas, de preferência animais recém abatidos para garantir a melhor qualidade dos alimentos. Em hipótese alguma devem ser oferecidos alimentos vivos para as aves de rapina”, explica o especialista.
Outro ponto importante é que a águia deve viver em grandes áreas, de preferência longe dos centros urbanos. Dessa forma, o animal pode se exercitar livremente e se manter em segurança por estar longe de redes elétricas e de linhas de cerol. “Todos os anos, centenas de aves são mutiladas por conta das linhas de cerol. Entre essas aves, grande parte são águias. Por serem animais planadores, são propositalmente atingidos”, explica João Paulo.
O especialista ressalta ainda que algumas cidades possuem parcerias com falcoeiros e órgãos ambientais que podem reabilitar as águias por meio de técnicas de falcoaria. “Assim, se proporciona uma segunda chance para essas aves. As que sofreram lesões irreversíveis podem vir a se tornarem matrizes nos criadouros, garantido assim a preservação da espécie por meio de um banco genético”.
Onde conseguir uma águia?
O falcoeiro reforça que qualquer animal silvestre deve ser adquirido em um criadouro comercial que seja autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Jamais se deve adquirir qualquer animal silvestre de forma irregular. Esse tipo de atitude fortalece o tráfico de animais”, diz. Ele destaca que a própria ABFPAR pode auxiliar com informações de segurança e de cuidados.
Para garantir que os pets tenham sempre ajuda quando necessário, o iG Pet Saúde oferece aos tutores consultas emergência e até opção de transporte ao veterinário. Confira essas e outras vantagens de se ter um plano de saúde pensado especialmente para cães e gatos. Acompanhe o Canal do Pet também no Telegram !