Idoso reencontra cachorro que perdeu após chuvas em Maricá
Uma semana após as chuvas que atingiram o estado do Rio, histórias continuam a emergir e ganhar espaço em meio ao cenário das perdas trazidas pelas tempestades. Uma delas foi a de Modesto Padilha de Araújo, de 73 anos, morador de Bambuí em Maricá, na Região Metropolitana do estado.
Seu Modesto, como prefere ser chamado, perdeu tudo que tinha em casa nas chuvas que atingiram a cidade na noite do dia primeiro de abril. Resgatado em sua casa no sábado, Modesto se recusava a sair do local de risco preocupado com seu cão, o Valente, um vira-lata caramelo. Os dois chegaram a ficar juntos em uma escola da rede municipal que servia de abrigo para as vítimas das chuvas, mas Valente fugiu do local no dia seguinte.
“Foi uma aflição danada. Eu não comia nem conseguia dormir direito pensando no meu filho perdido nessa confusão toda”, contou Modesto. “Ele vive comigo desde pequenininho e não sei mais viver sem o meu melhor amigo.”
O desespero do idoso mobilizou voluntários que durante as rondas e tarefas pela cidade seguiram procurando pelo vira-lata caramelo nas ruas. Valente reapareceu na terça-feira, para a surpresa de todos, na porta da casa do bombeiro voluntário Pedro Mello, o mesmo que havia resgatado o animal e Seu Modesto da destruição no sábado.
Leia Também
“Eu estava no trabalho, distraído e minha mãe me mandou uma mensagem com a foto do cachorro deitado na porta de casa perguntando se aquele não era o Valente. Fiquei todo arrepiado e saí correndo pra casa pra ver com meus próprios olhos e poder confirmar”, lembrou o voluntário. “Ele ficou deitado e não deixava ninguém chegar perto dele. Assim que cheguei, ele me reconheceu e me deixou mexer nele. Fiquei o dia todo fora de casa entrando em água e lama e mesmo assim, assim que cheguei ele não teve dúvida.”
O servidor público, que mora a quase 40 minutos de distância da escola em que Valente fugiu, diz não ter ideia de como o cachorro conseguiu chegar até o endereço.
Como perdeu tudo que tinha na enchente, Seu Modesto foi abrigado temporariamente em uma pousada na região, lugar que não aceita a presença de animais. O idoso fez o cadastro social essa semana e aguarda por uma nova casa para poder morar junto de Valente logo.
O reencontro dos dois ocorreu no fim da tarde de quinta, no banco que tem servido como base de operação para os voluntários da prefeitura. Valente se tornou mascote honorário do grupo e vai todos os dias para o local, onde encontra o dono enquanto os dois ainda não podem voltar a morar juntos. Quis o destino que os caminhos de Modesto e Valente, dois nomes-verbo, se separassem apenas para se juntar novamente sob um novo significado: esperança.