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A indomável língua de Maradona, sempre em direção ao gol

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A indomável língua de Maradona, sempre em direção ao gol


  Mais do que a estéril discussão de quem foi melhor, Pelé e Maradona, a preencher  a falta de assunto das resenhas futebolísticas, há de se lembrar de Diego Armando Maradona como o mais mítico e trágico jogador de futebol a pisar nos gramados do planeta, a perfeita tradução do desencanto portenho, uma alma milongueira sofrida, a cair e levantar tantas vezes até esse triste 25 de novembro em que sua morte prematura comove a Argentina e o mundo

 Maradona atarracado, de cabelos revoltos no seus enormes 1,65 m aparece como um menino de sorriso fácil, no essencial Futebol – ao sol e a à Sombra – de Eduardo Galeano. O autor uruguaio descreve uma passagem lírica da época em que o menino Maradona jogava e se divertia na equipe infantil dos Argentinos Juniors, os Cebollitas, aos 12 anos. Ele acabara de marcar um gol incrível e estava alegre abraçado aos companheiros. Foi um gol tão incrível quanto aquele em que faria mais tarde, na Copa de 1986, quando enfileirou ingleses perplexos para se tornar o único jogador do mundo a ganhar uma Copa do Mundo sozinho, feito que nem Pelé alcançou.

Mas naquela época, Maradona ainda tinha outros sonhos, ser técnico industrial, embora sua companheira de todas as noites já fosse uma bola, com quem e dormia abraçada.  A bola, a melhor companheira, a quem Maradona faltou agradecer de forma tão convicente como fez Di Stéfano, o maior craque argentino antes dele, que eternizou essa gratidão, numa estátua que tinha em sua casa com a inscrição “Gracias Vieja”

Mas aos 12 anos, ele já era decisivo e letal. Seus gols já tinham uma marca, se recorda Galeano: “Maradona tinha o costume de pôr a língua para fora quando estava em pleno impulso. Todos os seus gols tinham sido feitos com a língua para fora”. Nascia ali, entre os Cebollitas, Don Diego, idolatrado pelos argentinos que fizeram dele literalmente uma religião, a Igreja Maradoniana e o símbolo de um país como Gardel e Perón.

Um argentino que reverenciava outro argentino. Maradona carregava a imagem de Che Guevara tatuada o braço direito enquanto tinha outra tatuagem, de Fidel Castro, a quem tinha quase como um pai, na perna esquerda, a sua canhota mágica como a de Roberto Rivelino, seu maior ídolo no futebol.

Questione-se as escolhas políticas, anacrônicas e radicais, sua conduta pessoal movida pelos excessos, como o consumo voraz de cocaína, mas poucos foram tão autênticos e puros em suas paixões. Maradona não fez concessões, e foi o mais passional de todos os gênios. Gracias viejo. 

AFA
Fonte: R7

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