A raça do cachorro faz diferença no treinamento? Adestrador explica
Quando se busca por informações sobre determinadas raças é comum encontrar sobre a inteligência geral da raça e sobre a facilidade que a mesma tem de aprender novos truques. O conhecido ranking criado pelo escritor e neuropsicólogo Stanley Coren, autor do livro “A Inteligência dos Cães”, geralmente é associado às raças mais fáceis para se adestrar.
Contudo, é fato também conhecido que, independente da raça, cada animal é um individuo único e que diversos fatores interferem na personalidade dele. Mas, afinal, a raça do cachorro realmente faz diferença no adestramento?
De acordo com o especialista comportamental, Gustavo Lima Porto, esse é um fato. Determinadas raças reagem melhor aos estímulos do adestramento com uma menor quantidade de repetições para o animal associar comandos às ações desejadas.
A raça por si só, porém, não é um fator determinante para o aprendizado do cachorro e todas as raças têm pelo estímulo associações a determinados comportamentos. “A idade às vezes também pode ser determinante para que o adestramento possa ocorrer de maneira mais rápida”, explica o adestrador.
Gustavo também ressalta que algumas raças que, por associarem os comandos de maneira mais rápida, consequentemente perdem o interesse com a mesma facilidade, por isso é preciso que se ensine novos comandos com uma maior frequência, para que não enjoem e desistam das repetições.
Um dos exemplos mais comuns é o de cães da raça Border Collie , considerada a mais inteligente do mundo, sendo cães que associam comportamentos de maneira extremamente rápida.
“Em geral, enjoam das situações propostas com a mesma rapidez, cabendo assim ao adestrador e aos tutores trazerem atividades diferentes e mais atraentes ao cão no dia a dia das aulas, estimulando e extraindo assim o que melhor se espera do animal de estimação”, conta.
Com a inteligência, vem a teimosia
Uma raça mais inteligente também tende a ter uma personalidade forte, por isso podem ser bastante teimosas, necessitando também que o tutor tenha pulso firme.
“Por terem uma capacidade cognitiva maior, esses cães reagem de determinadas maneiras aos estímulos do dia a dia, tendo mais personalidade em determinadas situações, sendo assim, um cão mais ‘teimoso’ ou um cão com uma personalidade mais forte”, afirma.
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Outros fatores que influenciam
São muitos os fatores que podem interferir no adestramento dos cachorros, a rotina dos tutores (ou a falta dela), por exemplo, ditam o comportamento do animal. Como explica Gustavo, existem pontos importantes para que se consiga trabalhar com essas situações.
“Normalmente, solicitamos ao cliente que tenha uma rotina mais clara ao cão, criando assim os momentos de alimentação, exercícios físicos, carinhos e brincadeiras. Assim, fica mais claro para o animal o seu dia a dia”, diz. “O ambiente também determina várias situações, pois se o mesmo não contém estímulos adequados facilitam a necessidade do cachorro ‘buscar o que fazer’, causando assim situações embaraçosas, como a destruição de objetos”.
O enriquecimento ambiental é a melhor maneira de fazer com que o animal entenda que certos objetos (brinquedos) são próprios para ele e, quando estiver sozinho, não fique entediado e, assim, não destrua objetos da casa ou de uso do tutor, como sapatos. Esses brinquedos podem ser apresentados com texturas, modelos, maneiras e em horários diferentes.
“Inclusive, na hora em que é feito o treinamento prezamos muito por um ambiente controlado que também é superimportante, ou seja, quando não há distrações o aprendizado do cão e a associação dos comportamentos ocorrem de maneira mais rápida e objetiva”, ressalta o adestrador.
O comportamento da família também é importante
Os tutores devem seguir as orientações passadas pelo adestrador, para que o cachorro inclua os truques e comportamentos aprendidos no dia a dia. Por isso é importante que todas as pessoas da casa sigam essas orientações da mesma forma.
“Com certeza a rotina dos tutores e o interesse dos mesmos pelo adestramento é a chave do sucesso. Os cães aprendem muito por meio de repetições, então se todos da casa têm vontade e interesse de resolver o problema e repetem o passo a passo dado pelo adestrador em aula, rapidamente o cão – por ser um animal extremamente adaptável – associa o que os tutores querem e, por consequência, aprendem e respondem da melhor maneira”, afirma o especialista.