Guia de Raças: Fila Brasileiro, o primeiro cão brasileiro a ser reconhecido
O Fila Brasileiro tem a importante marca de ter sido a primeira raça tipicamente brasileira reconhecida internacionalmente, sendo até hoje uma das poucas. Apesar de ter o local de origem certo, como o próprio nome ressalta, quais raças foram usadas para formar este grandalhão são desconhecidas.
Entre as raças que supostamente teriam formado o DNA da raça nacional, segundo alguns historiadores acreditam, estão os Mastim Inglês, Cães de Santo Humberto, BloodHound, Buldogues e o já extinto Cão de Fila da Terceira – raça portuguesa original da Ilha Terceira do arquipélago dos Açores.
O que se sabe com mais certeza é que esses animais datam da época de colonização do Brasil, e foram muito utilizados para a caça no século 19, usados na captura de bois, ovelhas, grandes felinos (como onças). Também eram usados na captura de pessoas escravizadas que fugiam de grandes fazendas e na proteção de comitivas de bandeirante.
Com o passar dos anos, foram usados também como cães de guarda e companhia, tendo como grande característica a lealdade com os tutores. Os primeiros padrões da raça datam de 1946, mas o reconhecimento final pela FCI (Federação Cinologica Internacional) veio apenas em 1983, já no terceiro padrão estabelecido para a raça, o qual está em vigor até hoje.
O auge da popularidade do Fila Brasileiro nos lares brasileiros foi durante as décadas de 1980 e 1990. Com o passar do tempo, eles se tornaram um pouco mais raros.
Mesmo sendo reconhecida como uma raça leal e dócil por aqui, o Fila Brasileiro chegou a ser proibido em alguns países do mundo, como na Europa, por ser considerada uma raça perigosa. Dinamarca, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Noruega estão entre os países nos quais o Fila Brasileiro é proibido ou tem restrições para ser criado.
A personalidade do grandalhão brasileiro
O Fila Brasileiro é um cachorro de grande porte e de aparência imponente, o que pode assustar algumas pessoas. A verdade é que se trata de um cão bastante calmo, gentil e protetor. Esse instinto protetor, porém, é o que pode fazê-lo parecer um cão agressivo, já que pode não lidar tão bem com a aproximação de estranhos, pessoas ou animais, caso acredite que possam representar alguma ameaça para si e para a família. Para solucionar isso, é importante socializar o pet, se possível desde filhote.
O Fila se dá muito bem com crianças de todas as idades, mas é importante que a interação com os menores seja supervisionada. Por ser um pet grande, que pode chegar aos 75 cm e pesar mais de 50 kg, algumas brincadeiras podem acabar machucando alguém – a criança ou o próprio cachorro.
Por ser um cão bastante inteligente, o Fila aprende truques com certa facilidade, mas também pode ser um pouco teimoso algumas vezes, mostrando ser um cão de personalidade forte. Este também não é um cachorro para viver em ambientes com pouco espaço e precisa de um tutor com experiência e disposição; já que, além de grande, ele é cheio de energia e precisa de exercícios regulares, como caminhadas e brincadeiras que ajudam a desestressar o pet e a diminuir eventuais problemas de sobrepeso.
Curiosidades sobre o Fila
O primeiro Fila Brasileiro a ser levado para a Europa em 1954 se chamava Dunga. Ele foi levado por Alberto, duque da Baviera, que importou alguns cães do Canil Parnapuan, que pertencia ao criador Dr. Paulo Santa Cruz.
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Como a raça já era bem popular no Brasil durante os anos 1980 e 90, o Fila Brasileiro era representado pela figura do “Txutxucão”, mascote que acompanhava a apresentadora Xuxa nos programas infantis da época, tendo até mesmo uma música com a “Dança do Txutxucão”, fato que popularizou ainda mais a raça pelo país na época.
O perfil caçador do Fila Brasileiro costumava ser representado em pinturas do século 19.
O nome Fila vem de do verbo “filar”, que significa agarrar, segurar, prender. A raça também já foi conhecida como “Cão Fila” ou “Mastim Brasileiro”.
Saúde e higiene
Alguns Filas podem ter mais ou menos dobrinhas, pontos que sempre precisam de maior atenção para que estejam sempre bem secos, evitando proliferação de fungos e bactérias que causam problemas de pele no animal. Banhos para esse pet precisam ser dados apenas uma vez a cada mês, ou apenas um a cada dois meses em épocas de frio.
Os pelos precisam ser escovados semanalmente para que se mantenham saudáveis e com menos pelos mortos. As orelhas também precisam ser verificadas e limpas semanalmente para evitar problemas como a otite canina. Caso haja qualquer sinal de alteração, o cão deve ser levado ao veterinário o quanto antes.
O Fila Brasileiro é, geralmente, um cachorro muito saudável e sem maiores problemas relacionados a genética. Isso pode acabar acometendo problemas ao cão é em relação a obesidade. Por isso, é importante realizar exercícios físicos diariamente e ter uma alimentação balanceada.
O exercício também deve ser feito sem exageros, pois, por ser um cachorro de porte grande, ele já é propenso a sofrer de problemas como displasia coxofemoral. O Fila Brasileiro está propenso à torção gástrica (que exige cuidados com a alimentação e que se evite atividades físicas após a refeição) e cardiomiopatia dilatada (caracterizada por alterações no músculo cardíaco que causam insuficiência no bombeamento do sangue), problemas comuns em cães “gigantes”.
Como se trata de um cão dócil e de tamanho grande, algo que era bastante comum nos anos 1980 e 1990 eram que os pais colocassem crianças montadas nas costas desses cães, para brincar de “cavalinho”. Essa é uma prática extremamente equivocada e pode prejudicar seriamente a coluna do animal.
Tendo os devidos cuidados e realizando visitas regulares ao veterinário, um cachorro dessa raça tende a ter uma vida bem tranquila e saudável.