Para que servem os registro de raças como o American Kennel Club?
Quando falamos em raças de cães, geralmente encontramos a informação sobre quando determinada raça foi reconhecida por determinada instituição. A mais famosa delas (ao menos no continente americano) é o American Kennel Club (AKC), responsável por reconhecer centenas de “raças puras” de cães em todo o mundo.
Além do AKC, dos Estados Unidos, também estão entre as maiores os CKC (Canadá), The Kennel Club (Inglaterra), ANKC (Austrália), a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) e, a maior delas, a Federação Internacional Cinológica (FCI). Todas têm o mesmo objetivo de registrar e catalogar diferentes raças de cães.
As raças puras seguem um padrão geral, como tamanho, peso, tipo de pelagem, cor e até doenças às quais estão mais suscetíveis. Esses padrões são seguidos tão a risca que algumas raças recebem denominações diferentes por terem características diferentes, mesmo quando são filhotes nascidos em uma mesma ninhada.
Um exemplo disso são os Rough Collie e Smooth Collie que se diferem unicamente no tamanho dos pelos. Além disso, há divergência até mesmo entre os grandes órgãos caninos. O AKC, por exemplo, considera ambos parte de uma mesma raça, já a FCI os considera duas raças diferentes.
Outra raça que pode ser mencionada é o Terra Nova e a sua variação Landseer. Um Terra Nova, geralmente, é de cor uniforme (preta) e o Landseer, por ser de duas cores (preto e branco), não é aceito por muitos criadores, que afirmam que o cão deveria ser classificado como uma raça totalmente diferente.
A criação de uma nova raça
Ao longo da história os cães já exerceram inúmeras funções das que atendem as necessidades humanas, como o faro e a caça, até objetivos não tão gloriosos, como os cães de briga (rinhas) que já se tornaram ilegais em vários países do mundo.
Para adequar os cães para que atendam à essas expectativas da melhor forma possível, criadores costumavam reunir diferentes raças com as características mais desejadas – velocidade, faro, comprimento do pelo, entre outras – e os cruzavam entre si, para que os filhotes nascessem com as qualidades mais desejadas pelos humanos.
Esses criadores, geralmente, visavam também aprimorar os traços genéticos desses cães, para que tivessem uma melhor saúde e vivessem por mais tempo.
Um grande problema
O maior fator negativo desse desejo humano por cães com características únicas – algo que é extremamente criticado por protetores do mundo todo e, mais recentemente, fez com que a criação de algumas raças se tornasse ilegal em alguns países – é que deixou de ser algo voltado para as qualidades físicas e de saúde do animal para se tornar simplesmente estético, sem nenhuma preocupação com o bem-estar dos animais
Algumas raças, como os Buldogues e os Pugs, por exemplo, já nascem com problemas de saúde causados pela braquicefalia (o focinho achatado), que dificulta a respiração e impede que regulem a temperatura do próprio corpo, entre muitos outros problemas.
Muitas raças nascem propensas também à cegueira, surdez, problemas nas articulações, coluna, entre outros. Muito disso devido ao fato de, buscando a “pureza” da raça, muitos indivíduos se cruzassem com animais consanguíneos.
Outro fator negativo que os cruzamentos em busca de novas raças causaram foi o parcial ou completo desaparecimentos de raças mais antigas – como o Paisley Terrier, que deu origem ao Yorkshire.
Para que servem os registros e como funcionam
O reconhecimento de uma nova raça de cães é como a “parte final” do trabalho de criação de um novo tipo de animal, seguindo as características exigidas por cada organização, o que pode variar bastante.
Algumas raças são reconhecidas por algumas organizações, enquanto não são por outras. O AKC, por exemplo, reconhece cerca de 180 raças, enquanto a FCI reconhece mais de 300. Essas raças também são divididas em diferentes grupos:
American Kennel Club
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- Grupo Esportivo
- Grupo Hound
- Grupo de trabalho
- Grupo Terrier
- Grupo Toy (conhecidos como cães de bolsa)
- Grupo Não-Esportivo
- Grupo de pastoreio
- Classes Diversas (raças mistas)
- Foundation Stock Service (raças selecionadas)
Federação Cinológica Internacional
- Pastores e Boiadeiros (exceto Boiadeiros Suíços)
- Pinscher e Schnauzer – Molossoid e Swiss Mountain and Cattledogs
- Terriers
- Dachshunds
- Spitz e tipos primitivos
- Cães farejadores e raças relacionadas
- Cães Pointer
- Retrievers – Flushing Dogs (cães de caça aquática) – Cães d’água
- Cães de companhia e tipo Toy
- Galgos (comuns entre cães de corrida)
Isso ocorre porque o órgão exige que exista um número mínimo de indivíduos em solo americano, o suficiente para que possa haver uma boa variação genética para evitar possíveis doenças ligadas à determinada raça, causados pela consanguinidade (evitando que dois animais da mesma família se cruzem). A CBKC, por sua vez, reconhece todas as que passem pelo processo estipulado pela FCI.
Em resumo, o reconhecimento, ou registro de uma determinada raça, visa definir seus padrões para que somente cães que sigam cada uma dessas características sejam definidos como de “raça pura”.
Uma vez reconhecida a raça, o criador ou canil – que deve ser cadastrado em uma determinada organização – precisa seguir alguns critérios estipulados que visam a melhoria genética dessa determinada raça. Entre eles estão evitar o cruzamento de cães de uma mesma família e a não procriação de animais que apresentem sinais de possíveis doenças hereditárias.
O objetivo principal é, além da melhoria da raça como um todo, garantir filhotes mais saudáveis e com maior qualidade de vida. Nem todas as organizações ou criadores seguem as mesmas regras, por isso pode haver uma maior frequência de doenças genéticas em um país que não sejam tão comuns em outro.
Para o futuro comprador
Caso o pretendente a tutor opte pela compra do animal de estimação, especialistas recomendam que sempre seja feita uma pesquisa prévia sobre o canil do qual o cão será comprado, para que haja uma garantia de procedência.
No Brasil o indicado é que o canil seja certificado em clubes especializados (geralmente afiliados a CBKC). Os animais precisam estar já vacinados e vermífugos. Em alguns casos os cães já são vendidos até mesmo castrados.
Outro diferencial é que o canil ofereça o pedigree do cão registrado pela CBKC FCI. O pedigree consiste em um documento semelhante à uma certidão de nascimento, mostrando até três gerações da árvore genealógica do animal.
Essa é uma forma de ajudar no reconhecimento de linhagem de cada filhote, evitando a compra de animais com doenças hereditárias. No entanto, vale ressaltar que o pedigree por si não é garantia de que o animal não sofrerá de nenhuma doença no futuro.
Algumas ONGs internacionais, como a RSPCA (sigla em inglês para Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade contra os Animais), do Reino Unido, alertam que criadores anunciam estar registrados em determinados clubes como uma forma de marketing para vender filhotes, porém isso não significa nenhuma “garantia de qualidade”.
Antes de comprar qualquer animal é fundamental que se procure conhecer o histórico do criador.
Além disso, ao procurar por uma determinada raça, o pretendente a tutor deve pesquisar sobre as necessidades básicas para se certificar de que poderá atendê-las e garantir a melhor qualidade de vida possível para o animal. Muitos casos de abandono acontecem por tutores que não conseguem cuidar de um pet depois que o filhote cresce.
Por que registrar um cão de raça?
Os tutores também podem registrar seus cachorros em clubes, como o próprio AKC. Quem deseja ter um cão que participe de eventos voltados para cachorros, como eventos esportivos ou de beleza, precisa ter o animal registrado.
O AKC também oferece diversos benefícios para o tutor que registra seu animal de estimação, como serviços de recuperação do animal, o próprio certificado de pedigree, cursos de adestramento e cuidados, entre outros.
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