Seu cachorro não deixa ninguém chegar perto de você? Saiba o que fazer
Seu cachorro começa a latir e rosnar quando alguém chega perto de você? Você pode entender esse comportamento como ciúme, já que o seu cão não quer ter que compartilhar você com mais ninguém. Mas, na verdade, é mais que isso: ele está defendendo o território dele e entrando em disputa com quem pode parecer uma ameaça. Consultamos uma veterinária para explicar o que acontece e qual a forma mais adequada de agir nessa situação .
De rosnados a camisetas rasgadas
Isabela Caldas, de 26 anos, é jornalista e mora no bairro do Prado, na zona oeste do Recife, em Pernambuco, com os pais e dois cachorros, Ramon e Flora, de 7 e 9 anos respectivamente. Os cães da raça daschund (popularmente conhecido como salsicha) são bastante diferentes um do outro. Flora quase sempre é comportada e calma, já Ramon não deixa ninguém chegar perto da dona, nem mesmo a irmã de raça.
“A gente não pode dar carinho para Flora que o Ramon já invade. Ele chora, late, vai para cima dela. Flora não é tão passional quanto Ramon”, conta Isabela.
De acordo com a jornalista, Ramon é muito companheiro e protetor, mas basta alguém se aproximar que ele muda de comportamento.
“Ele late para todo o mundo que chega [em casa], mas depois de um tempo se acostuma e fica perto da visita, fica dengoso… até a visita dar um abraço em mim ou na minha mãe. Aí ele se manifesta! Pula em cima, rosna, chora, fica tentando separar o abraço. Ele odeia ver a gente se abraçando ou trocando carinho e está sempre alerta”, detalha Isabela.
O comportamento do cãozinho já rendeu alguns problemas para a família da jovem. “Ramon já rasgou várias camisas nossas, puxando até a gente se separar no abraço. E ele não suporta ver a minha mãe me abraçando também, ataca do mesmo jeito. Ele só fica confuso, porque não sabe quem atacar nessa situação”.
Afinal, cães sentem ciúmes do dono?
Segundo a veterinária Giulliana Tessari, gerente técnica de vidas na Petz, não é possível afirmar se é ciúme ou não, porque não existem estudos suficientes para dizer isso.
“Nós podemos falar, na verdade, em disputa por recurso . Na natureza, tudo o que é importante para um animal é um recurso. E é assim também para os animais de estimação. Brinquedos e pessoas são recursos para esses animais. E eles podem entrar numa disputa para defender o que é deles”, explica.
Entre os principais sintomas de que o cachorro está sentindo que tem um recurso ameaçado e que quer disputar por ele estão latir, rosnar e demonstrar medo ou ansiedade , colocando as orelhas para trás, por exemplo.
O que fazer quando o cachorro não deixa ninguém se aproximar?
De acordo com a veterinária, quando um cão está numa situação que vê como disputa, a tendência é que ele reaja e parta para a briga, para o ataque. Contudo, algumas atitudes do dono do pet podem fazer a diferença nesse contexto, acostumando o cachorro a ter um comportamento violento ou ensinando um outro caminho.
“Quando alguém está com o cão no colo, por exemplo, e uma outra pessoa senta ao lado e esse cachorro começa a latir, rosnar e até parte para o ataque a essa outra pessoa, é muito comum que, logo em seguida, o dono passe a mão na cabeça do cão, dizendo ‘não faz isso’. Isso, sim, está errado!”, alerta a veterinária.
“O cachorro ataca porque o dono é um recurso importante para ele. E se ele recebe carinho depois, ele aprende que toda vez pode fazer do mesmo jeito. O que é indesejado a gente não pode reforçar que aconteça”, explica Guilliana.
De acordo com veterinária, tudo o que é indesejado no comportamento do cão deve ser direcionado para outra atividade ou objeto que mude o comportamento dele.
Por outro lado, o dono também nunca deve repreender as ações indesejadas do cão. “Nessa situação do cachorro no colo que citei, por exemplo, o dono, ao perceber que alguém iria sentar ao seu lado, poderia tirar o cão do colo e dar a ele algum outro recurso importante, talvez um brinquedo que ele goste muito, desviando a atenção dele para algo que mantém um comportamento desejável”, sugere a especialista.
Ela completa: “É importante seguir desta forma ou ignorar o comportamento indesejado, caso seja possível, nunca repreender o cão. Porque, repreendendo, o dono pode acabar criando um outro problema, levando o cão a começar a destruir os móveis ou se automutilar, dentre outros sintomas”.
Como ajudar Ramon e seus humanos?
Em relação ao caso de Isabela Caldas e do salsicha Ramon, a veterinária explica que uma boa estratégia seria direcionar a atenção dele para outras coisas e ir se aproximando das pessoas, mostrando que está tudo bem.
“E quando ele demonstrar um comportamento desejável, ela pode ir reforçando com carinho, dando comida e mostrando que está tudo bem. Os animais precisam de limites para conviver em sociedade. Precisam saber no mínimo um sentar e um fica. Mas o cão não vai mudar rapidamente, é preciso reforço”.
Ainda de acordo com a veterinária, caso o cão vá além do latido e do rosnado, é preciso entender porque ele está sendo agressivo. “Ele pode ser agressivo por uma patologia, algo que o incomoda e que o tratamento pode até envolver o uso de medicamentos, fármacos. Ou pode ser um problema comportamental. Nesse caso, sempre indicamos que o dono leve o pet para um veterinário comportamentalista”, finaliza.